Resenhas

Senomar – Onze

Disco de estreia é potente e revela maturidade por parte de seus integrantes

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Ano: 2015
Selo: Travesseiro Discos e Polidoro Discos
# Faixas: 10
Estilos: Indie Rock, Folk Rock, Pós-MPB
Duração: 32:35
Nota: 3.5
Produção: Gustavo Vazquez

Senomar é o clássico exemplo das bandas formadas entre amigos. Uma reunião aqui, uma jam session ali e, de repente, “pô, vamos gravar um disco”. De um projeto que caminhou em passos vagarosos e, aos poucos, foi ficando evidente ser algo promissor, Senomar Torres fez questão de ter todo o cuidado possível com o trabalho de estreia, justificando o longo período de pré-produção do disco (quase um ano) e trabalhando com um time selecionado a dedo para garantir a máxima qualidade. Pois bem, a espera acabou e Onze veio ao mundo mostrando muito mais do que um som porreta e bem produzido.

Um disco de estreia tem como função primordial revelar ao público o que a banda é, de todas as formas e meios possíveis. Disso, já percebemos que estamos lidando com um grupo que tem clara a influência de um Rock lamentoso, mas que vê maneiras de dar intensidades diferentes a suas composições. Onze não é um disco para se lamentar, mas para se sentir. Riffs melancólicos, guitarras estridentes e letras instigantes se juntam de maneira harmoniosa e sólida, criando uma identidade clara da banda e que mostra em cada composição um grau diferente do sofrer: desde um irritação até o mais profundo existencialismo.

Não se trata apenas de mais um disco de música brasileira. Por mais que possamos identificar diversas referências presentes na sonoridade da banda, Onze é um disco que evidencia o entrosamento dos integrantes, principalmente observado na forma como a banda toca: precisa e certeira. Alguém Em Paz flerta com nuances de Bossa Nova e melodias bastante pegajosas. Manda é forte e tensa, com uma pitada da dualidade amarga de amor. Já Nosso Amor não poupa esforços nas faixas de guitarras, que são harmoniosas, bem construídas e hipinozantes. Por fim, Máscaras massacra o coração dos românticos incorrigíveis, com um divertido e agoniante Indie Rock.

Senomar nos traz uma estreia sólida que chama a atenção pela certeza da identidade que produz. Uma banda de composições fortes e que fariam Pablo (sim, o cantor de Homem Não Chora) reconstruir seu significado de sofrência. Seja pelo instrumental, ou pelas letras, seguimos ansiosos por novos trabalhos desta banda que mostra sinais de maturidade logo cedo.

Um disco que diverte e nos rasga.

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BOM PARA QUEM OUVE: Galego, Onagra Claudique, Los Hermanos
ARTISTA: Senomar

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique