Resenhas

VRUUMM – VRUUMM

Coletivo paulistano une do Jazz ao Hip Hop em sua música

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Ano: 2015
Selo: Mono.Tune Records
# Faixas: 8
Estilos: Jazz, Música Africana e Latino-Americana, Rock, Soul, Funk e Hip Hop
Duração: 39'
Nota: 3.5
Produção: Nick Graham Smith

Entender o som do coletivo paulistano VRUUMM vem antes de qualquer coisa do entender seus integrantes. Essa mistura bastante lúdica entre Jazz, Música Africana e Latino-Americana, Rock, Soul, Funk e Hip-Hop vem do próprio background dos músicos que a formam, de seus históricos e das bandas nas quais tocam ou já tocaram. Todos esses estilos listados acima estão presentes de alguma forma na vivência desses artistas, vindos dos mais variadas grupos – Anderson Quevedo (Thiago França, Criolo, Otto, Bixiga 70), Fernando Perdido (Pure e Garotas Suecas) Nico Paoliello (Garotas Suecas e Mel Azul), Maurício Orsolini (Maurício Orsolini Trio), Ricardo Cifas (FingerFingerr e André Whoong) e Marcelo Lemos (Coisa Fina e KLJay + Coisa Fina).

Capitaneado por Anderson, o grupo surge da amizade entre eles e de toda essa bagagem filtrada por suas experiências em comum e por uma diretriz sonora embasada no Jazz. O resultado é um som experimental e bastante expansivo, não só no que diz respeito à mistura de estilos, mas também na forma tão orgânica com que é feita. VRUUMM (o disco) é o olho desse vórtice criativo iniciado em 2014, quando a banda se uniu; É um resumo da fase de um grupo que já nasceu bastante maduro, ou pelo menos bastante coerente quando o assunto é composição e improvisação. Versados no Jazz moderno e nos grandes mestres, os músicos sabem conduzir muito bem suas faixas em algo que põe em baixo do mesmo guarda-chuva a tradição do estilo e a miscelânea do contemporâneo.

Gravado e mixado de forma analógica, o disco passa a sensação que se tem ao ouvir os clássicos, mesmo sendo um disco impossível de se produzir há 40 ou 50 anos atrás. Como Diziam os Primatas, música que inaugura a obra, revela bastante desse clima, como se tivesse sido tirada de algum desdobramento temporal em que o Jazz Funk de Herbie Hancock tivesse se misturado ao Rock. A faixa-título, por sua vez, brinca com Rock Progressivo em sua construção e demonstra um sincretismo bem brasileiro ao brincar com temperos oriundos da Africa e dos Estados Unidos. Uma Coisa Disco Funk, como o título sugere, abraça esses estilos em uma música bastante suingada e hipnótica, algo bem anos 70.

O Funk volta a dar as caras em A Evolução de um Neanderthal, faixa que parece assimilar o clima da gravadora Motown no uso dos metais, no groove do baixo e bateria, além do sintetizador e de suas constantes quebras de andamento. 4 e 20 brinca com algo Psicodélico, enquanto Pega Essa! se envereda pelo Hip Hop. Baixo-Centro parece fazer um passeio por uma famosa região da terra natal da banda, mas faz isso ao trazer certo tom melancólico nos timbres que usa, como se o tal passeio se desse uma chuvosa tarde na Terra Garoa. Como Era Mesmo? fecha o disco em um tom quase Noir, encerrando obra em um ineditismo climático. VRUUMM mostra-se bastante aventureiro e acessível para quem gosta ou quer ter mais contato o Jazz feito no país.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts