Os oito anos de atividade do trio texano Ringo Deathstarr foram responsáveis pela consagração do grupo entre os exemplos mais interessantes do Shoegaze na atualidade. De fato, embora a história do grupo seja marcada mais pelas citações às suas referências do que à sonoridade da banda em si, o pertencimento insistente dos americanos a um mesmo território sonoro acabou sendo o responsável pela relevância do grupo, ao atualizar seu gênero musical sem perder a essência de suas raízes.
Com Pure Mood, a história não é muito diferente. Se, por um lado, o apadrinhamento de My Bloody Valentine e Smashing Pumpkins (circa Siamese Dream) ainda é – como tem sido – a marca registrada do álbum, a renovação desta fórmula de trabalho torna Ringo Deathstarr o porta voz do Shoegaze (ou, como alguns preferem renomeá-lo, Nu Gaze) nos anos dez do século 21. A vivacidade com que a banda transporta esse sentimento garageiro, lo-fi, e sobrecarregado de reverb, dos anos 90 para cá, torna-os uma banda com o aval da nostalgia, sem ressentimentos.
Como o próprio nome do trabalho indica, Pure Mood deixa-se levar livremente pelas mudanças de humor. Por isso mesmo o Grunge também pode ser citado aqui sem grandes receios. Há um espírito de Nirvana em Heavy Metal Suicide e também a presença forte de Sonic Youth (lá pelas idas de Daydream Nation) em Never. Tudo isso somado e divido até o ponto da personalidade inconfundível de Ringo Deathstarr aflorar em meio à seu mar particular de referências.