Resenhas

Martin Courtney – Many Moons

Projeto solo de integrante da banda Real Estate adapta-se melhor ao ambiente campestre

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Ano: 2015
Selo: Domino Recording
# Faixas: 10
Estilos: Indie, Singer-Songwriter
Duração: 37
Nota: 3.5
Produção: Jarvis Taveniere

Quando tive a oportunidade de escrever sobre o último lançamento da banda americana Real Estate, intitulado Atlas, pude notar que, embora exista uma evolução sutil no sonoridade do grupo, que aos poucos vai se tornando mais encorpado e proficiente, de outro lado, Real Estate sempre pertenceu, zelosamente, ao mesmo território musical e, assim, nota-se uma espécie de amadurecimento sereno em seus integrantes.

Martin Courtney, tambem conhecido como frontman da banda, agora finalmente resolve aventurar-se em uma projeto solo. Pensando bem, talvez a expressão “aventurar-se” não seja a ideal para a ocasião pois, se em seu projeto anterior a permanência focada da banda em um mesmo estilo era um fator a se notar, em Many Moons a história não é muito diferente. Não que isso seja um aspecto necessariamente ruim, pois, aqui Courtney assegura-se como um singer-songwriter hábil, fazendo o que é capaz de fazer melhor.

Talvez seja possível fazer uma analogia da evolução de Martin Courtney do seguinte modo: do mesmo modo que Atlas servia como uma válvula de escape para a banda após as sessões exaustivas de Days, Many Moons serve como as “férias” do compositor, agora distanciando (ao menos conceitualmente) das exigências de seu grupo “principal”, embora esteja indissocialvemente relacionado a este (em alguns momentos chega a ser difícil de estabelecer qualquer limite entre as duas carreiras, ouça, por exemplo, a faixa Northern Highway). Todavia, do mesmo modo que os álbuns de Real Estate adaptam-se muito bem, respectivamente, enquanto trilhas sonoras para o ambiente litorâneo, para as cidades do interior dos Estados Unidos ou para road-trips, Many Moons claramente pertence a um universo muito mais campestre, preenchido de tons outonais.

Por isso mesmo, seu desenvolvimento é tranquilo e aconchegante, à medida que seus grandes intervalos instrumentais preenchem o ambiente discretamente. Com o violão como protagonista e com seus arranjos orquestrados como plano de fundo, nos lembramos de Nick Drake em seu Pink Moon (embora não exista aqui a aura melancólica deste último). Muito prazeroso e easy going, Many Moons é um dos primeiros passos mais coesos de uma carreira solo, um deleite para os fãs de Real Estate e também para aqueles que preferem o clima bucólico ao litorâneo.

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Autor:

é músico e escreve sobre arte