Resenhas

The Mozões – The Mozões

Disco de coletivo é sensível aos diversos episódios do amor

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Ano: 2015
Selo: Montana Records
# Faixas: 10
Estilos: MPB, Indie Rock, Dream Pop
Duração: 28:44
Nota: 3.5
Produção: Filipe Mariz

Chamar alguma pessoa querida de “meu amor” ou “minha querida” é realmente muito afetuoso, mas merecer o apelido de “mozão” é para poucos. O nome escolhido para o grande coletivo de artistas pernambucanos e alagoanos reflete muito sobre a personalidade de seus integrantes. Na verdade, é difícil falar de The Mozões como um grupo ou uma banda, sendo bem mais plausível e compreensível entender o projeto como uma reunião informal de amigos que se reuniram para falar de amor.

A rapidez com a qual foi gravado seu disco de estreia nos permite concluir que aqui nada parece ser artificial ou forçado: tudo é um registro do tempo de amizade e várias sessões de muita filosofia e existencialismo amorosos, seja voltado para um lado mais pessimista ou para retratos mais felizes do sentimentos em questão.

Como dito, é um disco sobre o amor, um sentimento tão plural quanto a própria entidade The Mozões. Durante as dez faixas, somos submetidos a diferentes formas de expressão, o que poderia indicar alguma falta de coesão artística ou unidade sonora. Porém, aqui as coisas não são tão simples (bem como o Amor). As diferentes visões de cada integrante do coletivo é justamente o que nos instiga a escutar este trabalho. Enquanto na faixa Julia 2 a grandeza do sentimento é enaltecida por um clima praiano e uma urgência de ver a pessoa amada, Absurdo contempla uma balada depressiva e existencialista que faz perguntas a todo instante.

Agreste 2 (que sugere um tom de continuação do belíssimo disco do grupo Troco Em Bala) nos aquece com linhas guitarras melodiosas, enquanto Fique De Boa flerta com um Shoegaze Pop, que lembra algumas canções mais antigas de M83. Percebe-se que as referências são diversas, e descobrir qual Amor cada integrante de The Mozões gosta de falar é uma verdadeira aventura pelos corações nordestinos, que cá entre nós, é um dos mais calorosos que sentimos no Brasil.

É um projeto ambicioso, mas que não parece se esforçar nem um pouco para isto. A facilidade com a qual The Mozões fala de Amor é única. Poético, sensível e plural, é um trabalho que desperta anseios para novos lançamentos, tanto das bandas que formam o coletivo como o próprio grupo. Um disco para apaixonados, recém-terminados, casados, viúvos, sofredores e todos os que sentem o indescritível sentimento do Amor.

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BOM PARA QUEM OUVE: Los Hermanos, M83, Cícero
ARTISTA: The Mozões
MARCADORES: Dream Pop, Indie Rock, MPB, Ouça

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique