Se você reparar, a ideia de que as coisas acontecem como um pêndulo (uma hora estão em um lugar, depois vão para o extremo oposto) aplica-se a diversas situações na vida. Quem acompanha o trabalho do trio The Shivas, que passou pelo Brasil em 2015, poderia esperar o mesmo clima agitadíssimo de suas apresentações em Better Off Dead. Contudo, o que temos é a posição contrária do pêndulo, mas de uma forma que, felizmente, não fere em momento algum a identidade da banda.
Dentro do mesmo espectro do Rock Alternativo mais puxado para o Surf, as oito faixas (uma delas sendo uma releitura de Gun in My Pocket, do disco Whitepout, de 2013) vem com os ânimos acalmados e uma certa melancolia que acentua a nostalgia, uma das características mais marcantes da banda, presente em seu som.
Nesse clima, pode ser mais fácil até lembrar-se de nomes como Belle & Sebastian ouvindo músicas como Off Axis do que identificar como aquele The Shivas dos shows energizantes. Mas quando você nota a bateria de Maryanne, por exemplo, você sabe que é mais um caso de atitude e menos de qualquer tipo de fofura.
Ainda assim, Better Off Dead evoca aquelas saudades de uma época que não vivemos, aquele resgate a elementos icônicos que não fazem parte naturalmente do nosso cotidiano, como o ouvir uma música no rádio que tanto combine com o que sentimos, quanto case com alguma imagem pré-concebida do que é viver esse sentimento. O maior problema desse espírito é justamente aquele que assombra a grande maioria das bandas cujo formato fala mais alto que o conteúdo, aquela sensação de que a música vai pouco além da aparência – o que explica também a tentativa de tocar mais baixo na esperança de alguma humanidade transparecer pelos arranjos desacelerados.