Resenhas

Animal Collective – Painting With

Disco com ritmo frenético tem ideias interessantes, mas não sai do formato que já era esperado

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Ano: 2016
Selo: Domino
# Faixas: 12
Estilos: Folk Psicodélico, Freak Folk, Pop Psicodélico
Duração: 42:00
Nota: 3.0
SoundCloud: Disco com ritmo frenético tem ideias interessantes, mas não sai do formato que já era esperado

Painting With é a estabilização da trajetória de uma banda que sempre pareceu ter o imprevisível como conceito. Animal Collective nos introduziu a uma visão nova da Psicodelia, uma que acompanhava o ritmo frenético de seu tempo, assim como a origem do estilo era a trilha perfeita para uma experiência de vida mais simples e menos material.

O problema é que a mensagem que chega até nós, principalmente com os dois últimos lançamentos de sua discografia, é que ao invés de se manter a um conceito, a uma filosofia, a banda parece ter se prendido a um formato. Isso não seria necessariamente ruim, caso este formato não precisasse estar associado ao fator novidade para soar interessante, já que, ao ser repetido, flutua entre o popular e o novo, agradando apenas os poucos que acompanharam o grupo muito de perto ao longo dos anos.

Analisando isoladamente o álbum como produto cultural, ele é interessante. Avey Tare e Panda Bear estão entre os artistas que melhor parecem ter decifrado o segredo da música, tendo mais facilidade em misturar o que parecia não combinar, em embaralhar nossos conceitos e nos surpreender. Aqui, há um domínio completo de ritmo, com todas as músicas parecendo mais aceleradas do que um ser humano parece conseguir tocar. Parece haver também uma organização meticulosa dos inúmeros e criativos elementos inseridos em cada canção, já que não deve ser fácil ordenar o caos criado com todas as sobreposições. Mesmo assim, o que salta aos ouvidos em faixas como Vertical, Lying On The Grass e Golden Gal é o talento que possuem em compor Música Pop.

No entanto, isso é o que o disco traz no papel, pois tanto inserido no contexto da música contemporânea quanto na própria discografia da banda, Painting With parece um pouco insignificante. O que era visto como domínio de ritmo acaba se tornando uma audição frenética e quase insuportável se prolongada por muito tempo sem o efeito de algum tipo de droga. A mistura de tantos elementos acaba escondendo detalhes realmente interessantes da música embaixo de muitas camadas de instrumentos indecifráveis. Até a sensibilidade Pop da banda acaba não sendo tão interessante – como no single Floridada -, pois por melhor que seja, se o intuito for ouvir músicas com estruturas mais previsíveis e momentos pegajosos, Animal Collective concorre com artistas muito mais empolgantes.

A impressão que fica é de que o projeto tornou-se um porto seguro para seus integrantes, que utilizam seus projetos paralelos como suas verdadeiras ilhas de experimentação. Nossa vontade ao ficarmos confusos em ouvir um disco com ideias interessantes e que mantém muito do que aprendemos a gostar no som da banda nos últimos, mas mesmo assim, terminarmos a audição insatisfeitos é de utilizar um clichê de término de relacionamento e contar para o grupo que o problema não é com eles, é conosco. Nós que nos acostumamos a sermos surpreendidos constantemente e a esperar a mistura entre o novo e o excelente. Por enquanto, ficamos apenas com o previsível e o bom o bastante.

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Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.