Resenhas

Santigold – 99¢

Terceiro trabalho tem erros e acertos saudáveis para a carreira da compositora

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Ano: 2016
Selo: Atlantic
# Faixas: 12
Estilos: Experimental, Eletrônica, Chairlift
Duração: 45:22
Nota: 3.0
Produção: Santigold, Zeds Dead, Santi White, Stint

Pluralidade é uma palavra que define bem a obra de Santigold. Santi White é uma produtora que, acima de tudo, tenta buscar as mais diversas referências para criar seu universo e sua identidade sonora, uma disposição que nos proporcionou o excelente Master Of My Make-Believe, de 2012. Com um som conhecido por flertar com o Pop e o Hip-Hop, as produções da compositora ora se mostram bastante dançantes, ora se comportam de forma mais tímida e isso sempre pareceu ser uma qualidade marcante e presente pela sua discografia. Entretanto, o lançamento de seu terceiro disco nos faz questionar algumas de suas escolhas. Não que seu talento seja colocado em questão, mas uma escutada atenta por 99¢ revela algumas imperfeições saudáveis à Santi White.

A capa do disco explora bem a ideia geral do álbum. É como se Santigold estivesse envolta por todas as coisa que gosta e aprecia e, a partir disto, fizesse um registro pautado no seu confortável universo. Um universo que talvez seja confortável demais e imprima certa preguiça na hora de elaborar arranjos ou experimentar timbre para a criação dos batuques. Não é exatamente o melhor momento da compositora, mas também não estamos diante de um disco inescutável e insuportável. Há momentos em que notamos tentativas válidas de construir faixas ao mesmo tempo chiclete e menos previsíveis, mas há faixas em que as estruturas começam a ficar um tanto quanto sem sal, nos entregando versos repetitivos e refrões sem energia.

99¢ não é um trabalho que nos faz perder as esperanças em Santigold, mostrando-se bastante como um jogo de tentativa e erro. Talvez o fato do disco ter sido produzido por várias mãos possa ter tido um impacto negativo na coesão e percepção geral, e um formato de mixtape poderia ter sido mais indicado. De qualquer forma, reparamos como Santi White comete seus erros e deslizes sempre indo para frente, principalmente no que diz respeito à maturidade como assume e veste a camisa de sua sonoridade. Novos trabalho podem apontar novas direções, mas o novo disco certamente é um sinal de como as coisas estão sendo percebidas sempre de uma nova forma pela compositora.

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BOM PARA QUEM OUVE: Sinkane, M.I.A, Chairlift
ARTISTA: Santigold

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique