Resenhas

Liima – ii

Projeto paralelo de músicos dinamarqueses acerta ao dar passos mais maduros

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Ano: 2016
Selo: 4AD
# Faixas: 10
Estilos: Experimental, Pop Psicodélico, Synthpop
Duração: 41:35
Nota: 4.0
Produção: Jonas Verwijnen

É engraçado a dinâmica dos projetos paralelos. Parece que, quando o processo criativo de uma banda não dá conta de preencher os anseios dos integrantes, criam-se naturalmente novas expressões tentando suprir essas necessidades. Não foi diferente com Efterklang e, assim, a ambiciosidade do grupo Indie Eletrônico criou Liima, uma parceria com o percussionista finlandês Tatu Rönkkö.

A banda conta que começou a fazer música por acaso e sem pretensões, mas que em pouco tempo já estava liderando line ups de importantes festivais europeus. Seja como for, comparações exaustivas foram feitas com a banda-mãe, sobre como a sonoridade era excessivamente parecida e, durante o anúncio do novo disco, parece que não houve tanta ansiedade por parte da mídia especializada. Isso nos deixou totalmente desprevenidos. Ainda bem!

ii foge de qualquer previsão, se apegando em uma experiência sensorial completa. O experimentalismo aqui permeia melodias do gênero Indie Pop, esse último apresentado de uma forma menos genérica e mais temática. Em poucas palavras é uma viagem bem construída, que conduz o ouvinte por momentos tensos e calmos tal como um sonho no qual ficamos totalmente passivos diante das diferentes emoções que nos percorrem.

Os elementos de cada canção são bem diversos, tendo coros simulados por sintetizadores, texturas mais brandas tais como clássicos da Psicodelia dos anos 1970, batidas agressivas e típicas do Post-Punk, entre outros. Pode-se dizer, sem sombra de dúvida, que este é um trabalho para ser apreciado em sua totalidade, da primeira à última faixa, sem interrupções.

Talvez o que diferencie este disco de outros tantos que são produzidos nesta leva da “Psicodelia Moderna”, é exatamente o que também desperta a curiosidade das pessoas quando escutam Animal Collective: a total ausência de pontos de referência. Ou seja, o quão surpresos ficamos por nunca ter ouvido algo parecido antes e o quanto isso nos frustra ao colocar em uma categoria tão pouco definida como o Experimental. Um caos que é totalmente controlado e, ao mesmo tempo, desorientante.

Esse trabalho revitaliza a importância do norte da europa na Psicodelia de hoje, ao mesmo tempo que é um trabalho extremamente acessível àqueles que não tem tolerância alta ao experimental. Um passo muito maduro na carreira do grupo.

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique