Jogar pedras contra a superfície d’água, tentando acertar um ângulo que as faça saltar algumas vezes antes de desaparecer de vista, costuma ser uma brincadeira associada ao universo infantil. Contudo, essa prática, como muito bem notado por Jordan Lee, possui um espírito quase zen: por mais que, magicamente, as leis da física pareçam de anular a favor da poesia do momento, as pedras estão fadadas a afundar.
A noção de que tudo é impermanente e, portanto, destinado à constante mudança, parece fazer parte do próprio espírito da banda Mutual Benefit. Comandado desde 2009 por Lee, o grupo acolhe – e vê partir – diversos artistas conforme a disponibilidade dos mesmos em participar dos shows e das composições. Skip a Sinking Stone, seu segundo álbum oficial, parece ser a materialização, por mais paradoxal que seja, dessa raison d’être da banda.
Continuando na onda de seu predecessor Love’s Crushing Diamond, o novo disco de Mutual Benefit pertence a um universo Folk, mas divide suas predileções entre a Música Ambiente, o lirismo do Freak Folk e os arranjos encorpados do Chamber.
Seja cantando a vida na estrada, seja narrando o cotidiano novaiorquino, Skip a Sinking Stone é, em geral, bastante reconfortante e tranquilizador. A ambiência de suas faixas soam aéreas, e acabam por dissolver suas melodias em uma atmosfera genérica. Ao final, o trabalho funciona do mesmo modo como foi construído, ou seja, não possui uma presença e um protagonismo marcante, mas é um belo pano de fundo meditativo sobre a beleza e a melancolia do cotidiano.
(Skip a Sinking Stone em uma música: City Sirens)
