Resenhas

Moby – Long Ambients 1: Calm. Sleep

Músico americano solta coleção de composições para relaxar

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Ano: 2016
Selo: Independente
# Faixas: 11
Estilos: Ambient, Eletrônica, Chillout
Duração: 244:55
Nota: 3.5
Produção: Richard Melville

A história desta compilação é bem interessante. Moby, cara gente boa e talentoso, estava estressado e resolveu selecionar algumas canções para uma trilha sonora antiinsônia. Como ele é um dos mais versáteis artistas da chamada Música Eletrônica em atividade, em vez de fazer uma playlist com o trabalho alheio, resolveu entrar no estúdio e compor algumas peças com esta intenção, a de construir uma compilação visando embalar seu sono, algo como um ansiolítico, um calmante musical. O resultado veio sob a forma deste enorme lançamento, Long Ambients 1: Calm. Sleep e deve ter agradado tanto ao próprio Moby que ele decidiu colocá-la disponível para download gratuito no site de seu restaurante/bistrô vegano, Little Pine.

Há uma estratégia – ou ausência absoluta dela – que faz o ouvinte se concentrar apenas na música. Não há informações sobre as canções, todas batizadas LA acrescidas de um número, indo de LA1 a LA11, com duração variando entre 17 e 35 minutos, constituindo um painel de mais de quatro horas de duração. As gravações foram todas conduzidas e produzidas pelo músico, feitas com o conceito em mente. Para isso, Moby se valeu as idéias de Ambient Music, mas não as levou a extremos artísticos como um Brian Eno, por exemplo. Não há segredos na música, truques de produção ou algo no gênero, apenas texturas gélidas e acrílicas de sintetizadores, que se dispõem como nuances de cores numa paleta de algum pintor minimalista.

Não é a primeira incursão de Moby neste terreno da Ambient Music. Em 1993 ele lançou um álbum chamado Ambient, que pegava emprestado o termo, mas que não tanto a música. Em 2005, quando lançou Hotel, o músico americano também se valeu de algumas influências do estilo para revestir algumas composições. Em 2014 ele soltaria Hotel Ambient, justamente dando sequência a este flerte com as canções longas, atmosféricas, climáticas e que revisita – ampliando o conceito – aqui nesta coletânea.

Como teste final para a eficácia do novo álbum de Moby, dadas as circunstâncias, só restava ao articulista colocá-lo como indutor do sono em algum momento de alto stress do dia, mais precisamente, às 15h. Com as composições embaralhadas pela função “shuffle” do tocador, não percebi a princípio que LA7 se insinuou pelo ambiente, levando o escriba ao sono em questão de poucos instantes. Ele acordaria uma hora mais tarde, revisaria as canções executadas e daria início a esta resenha.

Não bastasse a boa ideia de produzir música para relaxamento, Moby revestiu sua empreitada com bom conceito, generosidade e atiçou a curiosidade dos fãs para o que será o tema de uma eventual Long Ambients2. Bola dentro para quem deseja livrar-se de aditivos químicos na hora de dormir ou mesmo para quem quer apertar a tecla “mute” do planeta e substituir o som da cidade por algo mais, digamos, gentil.

(Long Ambients 1: Calm. Sleep em uma faixa: LA2)

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BOM PARA QUEM OUVE: Underworld, Air, Brian Eno
ARTISTA: Moby

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.