Pouco resta do aconchego e da doçura Twee encontrados facilmente em outros tempos de Fear of Men. A faixa Island, no entanto, é uma das exceções, e marca a transição do espírito de outrora – a estreia Loom, de 2014 – para a nova proposta do grupo. Com a chegada de Fall Forever, nada é radicalmente diferente, no entanto, pouco encontramos daquelas variações de humor tipicamente juvenis.
Fall Forever cede lugar ao modus operandi do Dream Pop, ou seja, é marcado pelo protagonismo de uma voz lânguida acompanhada por um pano de fundo formado por sintetizadores e guitarras cheias de reverb. Voltemos a Island, a epítome do álbum: há uma espécie de frieza neste novo trabalho, seja em seus clipes, seja em sua música, uma neblina atmosférica que tende ao sonho, e encobre qualquer crueza vívída de detalhes.
Aproveito esta metáfora atmosférica para encerrar com uma ressalva. O Dream Pop, justamente por ser um estilo tão propagado e explorado desde, pelo menos, o início desta década, acaba engolindo Fear of Men dentro de si, e nublando a personalidade da banda junto dos inúmeros exemplos de sua “cena”. Seja por Beach House, seja por Grimes, seja por Poliça, seja por qualquer um dos tantos exemplos possíveis, Fear of Men acaba por confundir-se aos inúmeros nomes que evoca. Fall Forever não peca nem pelo excesso nem pela falta, mas dificilmente vai atrair a atenção de ouvintes que não são aficcionados pelo estilo.
(Fall Forever em uma música: Island)
