Resenhas

Leapling – Suspended Animation

Segundo disco do trio mostra fragilidade moderna em um ótimo disco

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Ano: 2016
Selo: Exploding In Sound
# Faixas: 11
Estilos: Indie Rock, Emo, Rock Alternativo
Duração: 40:00
Nota: 4.0
Produção: Dan Arnes

Leapling sabe escolher as capas de seus discos como ninguém. Sempre imprimindo um tom melancólico, porém de uma forma menos previsível, os projetos gráficos deste trio novaiorquino trazem um equilíbrio suave que dialoga diretamente com sua proposta musical desde seus primeiros lançamentos. Entre figuras humanas enfeitadas e distorcidas com sobreposições artísticas, na capa de Losing Face e um casal que consola em meio a uma estrutura sólida e concreta no primeiro disco de estúdio, Vacant Page, parece que o trio comandado por Dan Arnes sempre tenta tirar da melancolia e tristeza um objeto de beleza que é analisado crucialmente em suas composições. Assim, com um toque de Indie Rock Emo, o projeto volta com um álbum novo, um ano depois de seu último registro, mostrando a urgência de suas confidências.

Suspended Animation é uma crônica moderna do existencialismo. A capa extremamente simbólica, na qual o personagem está fantasiado em seu quarto, aponta para uma leitura exaustiva de um cotidiano. As composições com acordes abertos e sobrepostos, as baterias intensas e um narrador com uma voz doce e ao mesmo tempo certa de suas aflições se juntam neste peculiar trabalho para refinar uma sonoridade já conhecida. Mesmo com estruturas bem simples, as músicas são enfeitadas com belíssimos arranjos de cordas que dão uma dramaticidade típica de trilhas sonoras, fazendo com que um lamento que poderia ser interpretado como irritante ganhe uma amplitude maior.

É um disco feito do sofrimento, mas a forma como é composta traduz uma beleza que ironicamente faz você esquecer disto; algo parecido com o que Death Cab For Cutie propôs em Plans, de 2005. Mas as comparações aqui servem apenas como um instrumento de medição, porque Suspended Animation tem um brilho próprio. Um brilho que comove, frustra e ao mesmo tempo nos encanta, afinal, ele nos lembra que você não precisa ser um filósofo refinado para entender o existencialismo: sua vida desgraçada já faz esse trabalho. Um trabalho que dialoga de várias formas com nossa humanidade sofrida e pode servir como ótimo psicólogo para uma fossa interminável, uma depressão recorrente, uma angústia perpétua. Ou simplesmente, um ótimo disco que mostra uma maturidade nítida neste poucos anos de vida da banda.

(Suspended Animation em uma faixa: Alabaster Snow)

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique