Resenhas

Swans – The Glowing Man

Banda anuncia o fim de sua fase atual com álbum potente

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Ano: 2016
Selo: Young God Records / Mute
# Faixas: 8
Estilos: Post-Rock, Experimental, Art Rock
Duração: 118:23
Nota: 4.5
Produção: Michael Gira

Esta não é a primeira morte de Swans. Nascida em 1983 com o álbum Filth, a banda americana liderada por Michael Gira acabaria por lançar, ainda em 1998, uma compilação intitulada Swans Are Dead, anunciando o fim daquela que viria a ser a primeira fase do grupo.

Renascida em 2010, e ao longo de quatro álbuns (se contarmos o lançamento da vez), Swans acabou por consagrar um dos períodos mais consistentes de sua trajetória, com a exploração de uma musicalidade enérgica e incisiva.The Glowing Man, nesse contexto, vem para celebrar o encerramento desta segunda etapa.

São muitas as maneiras possíveis de descrever ou rotular Swans, com cada uma delas favorecendo o aspecto que mais agrada o seu ouvinte: Post-Rock, Post-Punk, Dark Ambient, Noise, Drone, Industrial, Art Rock ou – a epítome de todas as anteriores -, Experimental, são, na verdade, tentativas de catalogar um projeto tão plural em que a vivacidade serve justamente para explorar as possibilidades existentes nos territórios fronteiriços da arte.

No entanto, por mais variados que sejam os estilos explorados por Swans, todos eles denunciam algo em comum: uma música pesada, forte, envolvente, hipnótica, e que, portanto, traz consigo a marca imponente do significado desta banda para a contemporaneidade, a sua dimensão ritual.

E é justamente a sua tendência ritualística que acabou por consagrar a segunda fase de Swans e, provavelmente, é também a responsável pelo seu encerramento. Suas apresentações são a materialidade viva da música de Swans, um acontecimento litúrgico catártico, um local onde músicos e espectadores partilham de algo (de acordo com as próprias palavras de Gira) que transcende a todos aquele reunidos nas apresentações. Inúmeros shows (e, consequentemente, intermináveis ensaios), não são fáceis de se manter.

Assim, chegamos a The Glowing Man, o final declarado desta específica formação da banda, sua segunda morte. A partir de agora, Gira pretende convidar colaboradores de forma mais fluída, para a concepção de álbuns menos voltados para as apresentações ao vivo. Esta não é a primeira morte de Swans, e provavelmente também não é sua última

The Glowing Man contém duas etapas, divididas em quatro faixas cada uma, que somam duas horas de duração. Entre as músicas, temos algumas mais imersivas, como Cloud of Forgetting e Cloud of Unknowing, e outras que resgatam momentos do passado, como The World Looks Red que contém letras escritas por Gira mas doadas para o Sonic Youth há mais de duas décadas, ou a faixa título, que resgata a estrutura de Bring the Sun, do álbum predecessor. Além destas, temos também alguns momentos bastante “Swanianos”, ou seja, potentes e limítrofes, como em When Will I Return, em que Jennifer Gira, a mulher de Michael, canta sobre reagir a uma tentativa de agressão.

O último álbum da segunda fase de Swans, afinal, é como um bom ritual deve ser, intenso, exaustivo, potente e que resgata momentos do passado de forma catártica. Sua última faixa, talvez a mais iluminada do grupo até aqui, e que denota um certo alívio unido a um sentimento de reconciliação, traz o título ideal para o final desta jornada ritual: Finally, Peace.

(The Glowing Man em uma música: The Glowing Man)

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Autor:

é músico e escreve sobre arte