Resenhas

Gøggs – Gøggs

Novo projeto de Ty Segall coloca o ouvinte em movimento constante ao som de ótimo Garage Rock

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Ano: 2016
Selo: In The Red Records
# Faixas: 10
Estilos: Punk Rock, Garage Rock, Stoner Rock
Duração: 25:00
Nota: 3.5
Produção: Gøggs

Dificilmente existe alguém no mundo da música que trabalhe mais, ou que goste de trabalhar mais, do que Ty Segall. Para entender essa frase, basta buscar o número de atos relacionados ao seu nome no Monkeybuzz – podemos vê-lo em formato solo ou como Ty Segall Band, em parcerias com White Fence ou com novos projetos, como o ótimo Fuzz. Gøggs entra em mais um desse novos trabalhos em que Ty fará uma intensa turnê sem descansar para depois, provavelmente, lançar um novo ótimo disco.

Sem deixar a qualidade de seus projetos cair ao longo do tempo, o guitarrista tem uma vontade de manter-se em constante movimento – o que explica a existência de Gøggs. Fruto de uma aventura conjunta com o já conhecido companheiro de Fuzz Charles Moothart e o vocalista Chris Shaw (Ex-Cults), a banda serve para esse objetivo: inércia. Ouvir as primeiras faixas de seu disco homônimo é entrar em toda a obra de Segall e transformá-la em objeto direcionado ao Punk Rock com seus toques garageiros – socos e pontapés fazem parte da audição de Assassinate the Doctor ou Smoke the Würm, por exemplo.

A sensação de estar em um bate cabeça em um concerto pequeno e carregado de suor nos mostra que muito do que se sente em seus eufóricos concertos é transmitido aqui. Existem alguns respiros, como a introdução da faixa Gøggs, ou alguma construção mais Stoner Rock em Glendale Junkyard, mas tais momentos são colocados cuidadosamente para que o show possa ter menos “choques”e descansos. Eu diria que é impossível se manter calmo ao ouvir a banda e isso que atrai mais em sua sonoridade – nada inovadora, porém eficiente no que é criado.

Conhecer, por exemplo, o trabalho de Shaw com Cults acaba quebrando um pouco o misticismo de Gøggs por conta de sua personalidade embutida igualmente nos dois projetos, já que podemos ver claras semelhanças entre ambos. O Rock, no entanto, alimento de Segall, permanece vivo, rápido e frenético na obra e alguns fragmentos trazem sorrisos no rosto como a sujeira imposta nos timbres ao longo do disco (Shotgun Shooter e She Got Harder são ótimas) e aquele gosto pelo barulho que o músico consegue impor em todos seus projetos. Multiinstrumentista, Ty é daqueles nomes que poderá ser visto sob uma ótica ainda mais ampla daqui a dez anos sem perder o seu caráter mais vibrante e apaixonante: o gosto pelo movimento.

(Gøggs em uma faixa: Shotgun Shooter)

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BOM PARA QUEM OUVE: Rancid, FingerFingerrr
ARTISTA: GØGGS, Ty Segall

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.