Há cerca de dois anos, anunciamos em nossa coluna Ouça a descoberta de uma artista com origem inusitada. Com uma mãe nascida em Barbados, pai sueco e vida construída em Londres, Naomi Pilgrim poderia criar um som extremamente original, mas preferiu alcançar as massas com sonoridades Pop e misturas diversas. Seu primeiro trabalho após um hiato de quase dois anos nos mostra que nossas apostas foram acertadas.
Toda a inusitada mistura que corre nos sangues da cantora nos promete um mundo inesperado que pega o vácuo de outras poderosas cantoras, como Rihanna e AlunaGeorge – curto, Sink Like a Stone EP carece de um hit óbvio, apesar de mostrar algumas boas canções. A faixa-título, concentrada em frequências graves em seu andamento e com uma inclinação para o diálogo com sons mais tropicais, algo bastante evidenciado na música Pop atualmente, diverte apesar de ter diversos ganchos repetitivos. A sentimental Mama, no entanto, nos mostra o poder de sua voz em uma música espiritual deliciosa que poderia ter saído do último disco de Ibeyi, por exemplo.
O melhor momento acaba ficando com a abertura I Wonder, por sua levada mais épica e por ter de longe o refrão mais grudento de todo o trabalho. Se a produção dividida com F. Okazaki captura várias referências atuais na música popular, o grande valor de Sink Like a Stone reside na voz poderosa de Naomi, uma pedra preciosa que necessita mais tempo de exposição para deslanchar na música Pop.
(Sink Like a Stone EP em uma faixa: I Wonder)