Resenhas

TTNG – Disappointment Island

Terceiro álbum do grupo é recheado de riffs intrincados

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Ano: 2016
Selo: Sargent House
# Faixas: 10
Estilos: Math Rock, Emo
Duração: 41
Nota: 3.0

Disappointment Island é uma ilha real, desabitada, situada ao sul da Nova Zelândia. No entanto, é apenas o seu nome que interessa ao grupo britânico TTNG, uma metáfora prolífera para uma banda com a sonoridade calcada no Emo: é um modo auto-complacente de falar de si mesmo, uma maneira angustiada de culpar o lugar em que se vive, ou uma perspectiva decepcionada a respeito da tensão política que vive o Reino Unido (leia-se o caso Brexit).

TTNG tem um caso estranho com os títulos que escolhe. A banda, anteriormente chamada This Town Needs Guns, agora renuncia dessa nomenclatura irônica (e de um leve mal gosto) e adota um acrônimo para demarcar uma nova fase do grupo. Essa nova fase, por sua vez, chega com seu terceiro álbum, intitulado Disappointment Island, um nome que já coloca o seu ouvinte na defensiva e que, de alguma maneira, parece se justificar de algo que o trabalho, na verdade, nunca foi acusado.

Ou talvez seja uma estratégia de marketing que tenta direcionar o público à opinão de que “ao contrário do que seu nome indica, nada neste trabalho desaponta”. Esta última reação, afinal, parece ser a que mais se adapta à malha intrincada de riffs que permeia Disappointment Island. Não apenas a banda é um nome entre os mais proeminentes do Math Rock por conta do jogo que fazem com o andamento de suas faixas, como também os riffs virtuosos de Tim Collins, elaborados com um tapping frenético, parecem ser feitos por algum algoritmo de computador. De algum modo, nesse turbilhão instrumental, a voz de Henry Tremain funciona como um agente pacificador de elementos, e traz ao grupo uma aura tranquila e surpreendentemente relaxada.

Alguma dinâmica faz um pouco de falta em Disappointment Island. O tempo todo a banda parece pisar no acelerador e condensar cada vez mais os seus arranjos. There’s No “I” in Time é o nome de uma das faixas, que parece traduzir bem esse espírito. Mesmo sem tantos respiros, e mesmo sem tantos espaços vazios, TTNG parece ter elaborado um dos melhores exemplos do que resulta da combinação milimétrica entre a virtuose, o Math Rock e o Emo.

(Disappointment Island em uma música: Coconut Crab)

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Autor:

é músico e escreve sobre arte