Resenhas

White Lung – Paradise

Potente novo trabalho realça melhores qualidades do grupo e coloca vozes femininas longe da fragilidade

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Ano: 2016
Selo: Domino
# Faixas: 10
Estilos: Punk Rock, Pop Punk
Nota: 3.5
Produção: White Lung

A agressividade nada frágil de White Lung sempre foi a sua característica mais marcante. Deep Fantasy, um de seus trabalhos mais complexos devido a sua carga lírica potente atrelada à sonoridade Punk Rock aguda, fez a banda canadense alcançar ares jamais imaginados, porém merecidos. Se o disco de 2014 foi considerado como um emblema feminista devido a suas letras que traziam questões que são ainda mais pulsantes atualmente, não podemos dizer o mesmo de Paradise, um trabalho mais popular e, ainda assim, vertical do grupo.

A sua curta duração, 28 minutos, explica muito da forma com que os canadenses querem se apresentar em 2016: rápidos, impulsivos e grudentos. Talvez a grande diferença deste trabalho em relação aos demais esteja na voz de Mish Barber Way, que foge de tons soturnos e mais profundos de atuações anteriores para trazer mais amplitude através de melodias metálicas e estridentes. Isso ocorre por conta de seu desgaste na turnê anterior, que a obrigou a mudar sua forma de cantar – menos interessante, porém mais acessível, sua nova faceta abre portas ao grupo.

Ouça Below, por exemplo, para entender que o Punk Rock agora criado se aproxima mais de sua versão Pop Punk do que necessariamente o som garageiro e cheio de barulhos vistos em Deep Fantasy. Tal mudança de rumo as coloca mais próximas de shows mais amplos que concertos intimistas – as guitarras do único homem do grupo, Kenneth William, gritam como nunca e trazem tons quase sintéticos a discografia do grupo como em Narcoleptic e Dead Weight. É notória a direção popular e acessível, mas ainda assim pesada, do grupo – essa última por conta da bateria Anne-Marie e sua levada destruidora.

Dentro das faixas mais interessantes do disco, temos Kiss Me When I Bleed e Vegas com dinâmicas que conciliam peso e melodias grudentas. Ao final, Paradise soa muito mais direto que outros lançamentos do grupo – sua agressividade existe em cada ato e faz com que sua curta duração se expanda ainda mais. O trabalho também mostra uma produção mais distinta, menos ruidosa e mais brilhante – algo que certamente as coloca mais perto do Pop que o Noise. Se os temas feministas não aparecem com tanto impacto aqui, podemos dizer que uma banda com tanta potência, poder e com uma composição quase que só de mulheres impressiona e faz com que a ideia de empoderamento feminina, levada a cabo desde sua criação, esteja cada vez mais profunda e enraizada na percepção do público ao fim do disco, porque as mulheres estão realmente destruindo. Paradise é uma das provas vivas dessa conclusão.

(Paradise em uma faixa: Vegas)

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BOM PARA QUEM OUVE: Rakta, Odradek, Perfect Pussy
ARTISTA: White Lung
MARCADORES: Ouça, Pop Punk, Punk Rock

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.