Resenhas

Two Door Cinema Club – Beacon

Grupo irlandês continua sabendo fazer canções Pop e demonstra uma grande maturidade em um acertado segundo disco.

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Ano: 2012
Selo: Kitsuné
# Faixas: 11
Estilos: Indie Pop, Indie Rock
Duração: 39'
Nota: 4.0
Produção: Jacknife Lee

Superar ou mesmo manter o nível do primeiro disco é sempre uma tarefa díficil quando se chega ao estrelato, mas quando nos vemos diante do Two Door Cinema Club, banda irlandesa que já tocou no Brasil em 2011, a missão parece ainda mais complicada. O primeiro disco do grupo, Tourist History, era repleto de hits que logo na primeira escutada já ficavam grudados na cabeça, seja pela voz Pop de Alex Trimble ou pelos diversos acordes rápidos que nos faziam lembrar bons momentos do Indie Rock. Criar mais um trabalho repleto de hits parecia uma tarefa difícil, então a resposta veio através do amadurecimento da banda, realizando um belo segundo trabalho, Beacon.

Logo de começo, já vemos sintetizadores e elementos eletrônicos dando as caras nas músicas Next Year e Handshake. Um susto à primeira vista, temos ainda a voz de Alex se esforçando pra não sair da cabeça do ouvinte em canções mais cadenciadas, crescentes e que são feitas para claramente ecoar em estádios ou grandes festivais, algo que a banda se acostumou na sua intensa turnê de três anos. Wake Up é um bom momento do disco, tem toques do primeiro álbum, com guitarras estridentes, mas que dessa vez possuem uma ânsia menor para aparecer logo de cara, preferindo criar um clima propício para explodirem no momento certo. Sun é uma grande balada no disco. Tem vocais harmônicos no refrão, e uma bela produção com instrumentos de sopro que mostram uma banda almejando voos mais altos.

Someday parece ter sido retirada do primeiro disco quando a introdução começa a ser tocada com aquelas mesmas guitarras e baixo dançante. Entretando uma visão menos míope demonstra que, apesar de ser uma versão 2.0, tem os seus músicos mais seguros de seus instrumentos quando estes abdicam da voz de Alex na parte final para só fazerem um belo groove. Sleep Alone é o primeiro single do disco e traz os aspectos “de arena” que conduzem o trabalho. Músicas que crescem, e são feitas para serem cantadas por uma grande massa. A escolha desta música como carro chefe do disco é uma clara declaração de como a banda quer ser vista agora.

The World Is Watching é muito divertida e foge de tudo que o que Two Door já fez. Clima caribenho, com guitarras dançantes e a bem-vinda voz feminina de Valentina fazem esta canção ser puramente Pop e deliciosa. Settle traz o Indie Pop que consagrou o grupo, mas dessa vez com um pouco mais de elementos eletrônicos. Spring é mais um momento alto do disco. Sem se resumir às guitarras estridentes, tem um certo swing nas cordas abafadas e instrumentos sendo adicionados aos poucos com, mais uma vez, Alex mostrando por que sua voz traz o sal que falta a muitas bandas.

Pyramid e Beacon tem guitarras e sintetizadores que lembram muito o segundo trabalho do Foals e se mostram maduras.Tem o lado Pop do Two Door mas são diferente sem se mostrarem estranhas para o fã. É como encontrar aquele seu amigo após um bom tempo fora do país: a pessoa é a mesma mas algo mudou. Ambas as músicas fecham o disco por algum motivo, mostrando uma lado mais viajado e desconhecido do grupo, talvez uma prévia do que veremos daqui pra frente com os garotos.

Com maduridade, mas sem perder a essência, o Two Door Cinema Club propicia um segundo disco que foge do fantasma de superar uma estréia de sucesso. O bom Indie Pop está de volta em um álbum que talvez à primeira vista não tenha muitos hits. Entretanto isso, vem de um ímpeto do grupo ser menos estridente e mais épico, maior. E, como um bom vinho, basta uma maturação dos ouvidos para notarmos que mais uma vez o grupo conseguiu realizar um trabalho repleto de singles para as rádios.

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Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.