Resenhas

Murilo Sá & Grande Elenco – Durango!

Em seu segudo trabalho, músico apresenta mais de sua personalidade

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Ano: 2016
Selo: Independente
# Faixas: 12
Estilos: Rock Psicodélico, Rock Alternativo
Duração: 36"
Nota: 3.5

Murilo Sá e seu Grande Elenco surgiram há alguns anos como um dos promissores grupos da nova safra de roqueiros brasileiros, ao lado de O Terno e Boogarins. O que todos esses nomes têm em comum? Todos colocam sua identidade dentro de um contexto do Rock feito nos últimos 60 anos. Eles bebem das mais variadas fontes e as misturam sem medo do que isso pode virar – um terror para os mais puristas e uma grande aventura para esses músicos (e seus ouvintes).

Durango! é o segundo disco do músico e um passo confiante adiante em relação à sua obra de estreia, Sentido Centro, lançada em 2014 . Se as referências ficavam mais evidentes no debut, nesta segunda obra é a identidade do músico que aflora, seja nas letras e arranjos, ou mesmo no seu espirito mais livre. Como um todo, o disco soa mais dinâmico, mas sem se perder em experimentalismos alienantes ao ouvinte ou numa busca vazia por ineditismo. Suas doze faixas brincam livremente por temas e sonoridades diferentes, que jogam também com a percepção do ouvinte – e até mesmo com a ideia preestabelecida que você poderia ter da música de Murilo.

Lançada como single, Pele Vermelha explica um pouco da vibe do disco, que, algumas vezes parece ter suas faixas tiradas de trilhas sonoras de filmes de diferentes épocas. Esta em questão se inspira num Bang-Bang dos anos 50, aqueles filmes do cineasta Sergio Leone estrelado por Clint Eastwood e com a trilha feita por Ennie Morricone, sabe? É até possível que o título de Durango tenha vindo de um famoso personagem desses westerns conhecido como Durango Kid.

Seguindo nessa toada de “criar trilhas sonoras”, o disco parece emoldurar faixas que poderiam se encaixar em diversos filmes: De Volta à Rua Solidão numa comédia romântica na parte em que o mocinho ou mocinha da história percebe que perdeu seu par e bola algo para tê-lo ou tê-la de volta; Quando Precisar de Alguém poderia estar num filme Indie numas dessas cenas de introdução de personagens em tomadas silenciosas; Sufoco (parte II) certamente caberia numa das histórias de John Hughes; As Coisas Que Só Você Vê se encaixaria muito bem um romance ambientado na primeira metade dos anos 50 em algum momento que os personagens vão se distrair e jogar em algum bar; e obviamente, Pele Vermelha caberia em qualquer Bang-Bang sangrento.

Divagações à parte, outro ponto que chama a atenção durante as doze músicas do álbum são as espertas letras de Murilo. “Eu lembro que tentei fugir pra bem longe de min sentado no sofá” (Mundo Impressionista) e “A cada curva do caminho vou me perguntar se aquele medo do futuro um dia vai passar” (Mil Guerras De Insônia) são apenas alguns exemplos da composição do músico, que debate temas tão atuais às vezes de forma irônica, às vezes de forma ácida.

Nostálgico em sua essência, mas nada datado ou melancólico, Durango! é um disco bastante interessante seja pelas histórias contadas pelo músico ou por seu panorama musical bastante amplo. Uma audição bastante divertida e leve.

(Durango! em uma faixa: Mundo Impressionista)

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts