Resenhas

Barro – Miocardio

Músico recifense aproveita como pode a oportunidade de lançar seu primeiro álbum solo

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Ano: 2016
Selo: Independente
# Faixas: 13
Estilos: Pós-MPB, MPB, Indie
Duração: 48'
Nota: 3.5
Produção: Gui Amabis

Barro, ainda que um novo nome para grande parte do Brasil, já era um certo veterano da música no Recife quando decidiu produzir e lançar Miocardio, seu primeiro álbum solo, o que confere à obra uma maturidade bastante acima da média em relação aos discos de estreia, ainda que conserve características do que costumar ser um volume inicial de qualquer discografia.

Isso tem muito menos a ver com a construção de identidade que os músicos novatos tanto lutam para esculpir em seus primeiros trabalhos, e muito mais no sentido do pique de poder enfim entrar no estúdio e reunir suas composições sob sua voz (e seu próprio nome) e apresentar ao mundo seus pontos de vista e experiências.

Músicas como Vai, Poliamor, Todo Pôr do Sol e, principalmente, Ficamos Assim mostram-se bastante em par com o que o Brasil produziu de melhor dentro de uma música popular e contemporânea nos últimos anos, e, justamente pela empolgação de poder trabalhar o disco, precisam dividir espaço no repertório com Mata o Nêgo e Carpe Diem, faixas menos expressivas esteticamente, mas que, ao ouvi-las, faz sentido imaginar o carinho que o artista tem por elas e decidiu por isso incluí-las no álbum.

E essa talvez seja a melhor maneira de explicar Miocardio e outras dezenas, ou centenas, de “primeiros álbuns”, o poder fazer, a chance de ter suas músicas produzidas e organizadas em uma obra. Com isso, Nouvelles Vagues e Volver, por exemplo, parecem ter sido feitas sob medida para receberem suas convidadas – Juçara Marçal e Catalina García, respectivamente – no âmbito de querer aproveitar as oportunidades ao máximo, e a chance de tocar na Europa deu ao disco uma versão de Vai em italiano.

Nada disso, porém, nega o fato que Barro teve muitos acertos em Miocardio e soube criar um grande cartão de visitas para quem deseja conhecer sua arte em um disco que, além de acima da média, só revela o potencial que um próximo lançamento pode ter. Enquanto isso, o ouvinte ganha algumas belas canções para integrar as seleções de música brasileira contemporânea, além de mais um nome para seguir pelos anos que vêm.

(Miocardio em uma música: Poliamor)

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ARTISTA: Barro
MARCADORES: Indie, MPB, Pós-MPB

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.