Resenhas

Apolo – Apologia

Estreando como MC, famoso produtor passeia por diversos gêneros musicais

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Ano: 2016
Selo: Independente
# Faixas: 13
Estilos: Hip Hop
Duração: 46:00
Nota: 3.0
Produção: Apolo

Apolo, ex-membro do grupo de Rap paulistano Pentágono, decidiu finalmente assumir as funções de MC. Conhecido pelos trabalhos atrás de computadores e samplers, normalmente assumindo as funções de produção e auxílio a diversos rappers no começo de suas carreiras, como Rael e Rashid, o produtor surge com um trabalho poderoso nas batidas e participações especiais.

Apologia é um esperada estreia e uma reunião que faz sentido, mas, como obra, se torna mais um apanhado de boas músicas do que um filme com narrativa consistente. Ao mesmo tempo, grande parte das músicas se torna justamente relevante pela produção envolvida: a Eletrônica Não Vacila com Ogi nos leva aos anos 2000 nas batidas de Timbaland, Batuque é um ótimo Funk Carioca com elementos pontuais de Hip Hop, enquanto a romântica As Coisas Dela com sample de Bebeto Castilho, é voltada à velha escola do gênero no Brasil.

A acessibilidade do disco tem uma razão: abrangência de estilos. O leque de Apolo passa por basicamente toda a história do gênero no país e traz batidas amplificadas para soarem gigantescas nas rádios. Respeito, com participação de D Pinot e Criolo, é de longe um dos momentos mais impressionantes do trabalho e tem o famoso sample de Sabotage em Respeito É pra Quem Tem. Reggaeton aparece em Não Vou Me Adaptar e, como a abertura Brinde, traz versos sampleados de Mano Brown.

Essa montanha-russa soa muito bem, principalmente nos elementos musicais envolvidos – as batidas batem como deveriam e fazem muitas vezes o ouvinte viajar. Aprender, com Marechal, é um desses casos, enquanto misturas com elementos do Rock – abrangentes na última década no Hip Hop mundial- , aparecem em Vai, com Rashid. Mas o que podemos dizer de Apolo como MC? Apesar de não comprometer e ter um flow de rimas consistente, podemos considerar as suas funções como produtor muio mais relevantes. Poucos versos chamam atenção de fato e, no fim, quem rouba a cena nos microfones acaba sendo os diversos amigos convidados em Apologia.

Longe de ser um disco ruim, Apologia pode ser considerado um novo portfólio de Apolo e uma abertura de novos rumos. Com relação aos versos e seu conteúdo lírico, fica abaixo de outras obras recentes, como A Coragem da Luz de Rashid e de Rodrigo Ogi – no entanto, essa não parece ser a intenção da obra. Sua real intenção é abraçar anseios antigos e finalmente mostrar que o produtor agora pode ser sim, MC. A missão pode ser considerada cumprida.

(Apologia em uma música: Vai)

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BOM PARA QUEM OUVE: Rashid, Emicida, Criolo
ARTISTA: Apolo
MARCADORES: Hip Hop

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.