Pegando carona no sucesso da série Stanger Things e de sua nostálgica/modernosa trilha sonora, o grupo australiano S U R V I V E abandonou seu som próximo à Ambient Music de sua estreia (LLR002, de 2010) para seguir um caminho mais próximo ao Synth Pop em RR7349.
Se as referências pareciam vir de nomes como Jean Michel Jarre ou Tangerine Dream, agora mudaram para Gary Numan e Depeche Mode. O resultado é um álbum altamente sintetizado e que busca a fundo aquele clima futurista dos anos 80, uma aura retrô que tenta realmente soar como trilha sonora – e comparações com John Carpenter e Vangelis também entram em jogo.
Não há dúvidas que Kyle Dixon e Michael Stein conseguem captar o zeitgeist da produção Pop de 2016. Por outro lado, me parece também que a obra não passa disso. O disco é fruto de uma época altamente nostálgica, mas que pouco acrescenta à era que sente tanta saudade. Mais tributo que inspiração, o disco se molda perfeitamente ao que foi proposto na época e não apresenta nada a mais.
Com isso em mente, o que mais chama a atenção no álbum é a capacidade do grupo de conseguir criar climas específicos entre suas faixas. A tensão de Sorcerer fica bastante aparente com seus timbres graves e com uma construção melódica impaciente. Other tem um clima inquietante com suas batidas esparsas e graves surgindo no background. Já Dirt, fechando os exemplos, seria um daqueles momentos pré-clímax de um filme como Blade Runner.
No geral, o disco tem músicas potentes quando pensadas num conceito de trilha sonora e fazem a imaginação voar ao criar tramas que se encaixem nessas músicas. Mas como álbum, sem o aparato visual, acaba se tornando maçante por sempre encontrar soluções na mais pura nostalgia.
(RR7349 em uma faixa: Wardenclyffe)
