Resenhas

Omar Rodriguez-Lopez – Infinity Drips

Oitavo disco da série solo do músico traz experimentalismos aliados à música oriental

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Ano: 2016
Selo: Ipecac Recordings
# Faixas: 13
Estilos: Psicodelia, Música Indiana, Experimental
Duração: 34:11
Nota: 3.5
Produção: Omar Rodriguez-Lopez

Um projeto de doze discos solo não é para qualquer um, principalmente se você pretende lançá-los até o fim do ano. Ao encarar esse desafio, Omar Rodrigues-Lopez tem mostrado que suas referências se expandem a cada momento e, ainda que alguns deslizes do passado – como o projeto Bosnian Rainbows – contrariem isso, as diferentes personalidades do ex-Mars Volta são um profundo exercício de reflexão sobre a renovação de novas perspectivas sobre a música.

Infinity Drips é o oitavo lançamento desta série e as coisas aqui assumem uma perspectiva mais mântrica do que psicodélica. Abordando aspectos da música indiana e árabe, Omar traz sua óptica experimental a partir de colagens sonoras de samples concomitantes e reverberados desses gêneros, produzindo um efeito de homogeneidade que induz um proposital estado de transe no ouvinte.

Ao dar play no registro, percebemos que Omar não traz uma versão estereotipada da música oriental, mas imprime a ela traços de sua visão anacrônica misturando elementos de diversos lugares e tempos. A sequência Na’ir Al Saif e Azha nos introduz a cordas hipnotizantes e monotonais para, logo depois, nos jogar em um labirinto complexo e caótico de harpas e pads de sintetizadores. A curta duração da maioria das composições pode ser interpretada como um controle que o músico tem para em cada momento possa direcionar o ouvinte para onde bem entender, seja prendendo-o em transe (Lacerta) ou trazendo uma rápida e sucessiva passagem de ambientações (Nihal). Por fim, Er Rai é um derradeiro teste de paciência ao trazer um persistente som de sintetizador com mínimos detalhes de baixo, quase uma versão muito menos barulhenta do projeto Pharmakon.

Entre os registros lançados até agora, nota-se um brilho próprio de Infinity Drips, trazendo um experimentalismo menos aleatório e mais consistente. Os outros quatro discos podem trazem perspectivas mais malucas ainda, mas este fica como um disco que mostra um bom exemplo de controle e inventividade do músico. Hipnótico e desafiador.

(Infinity Drips em uma faixa: Azha)

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique