Resenhas

Hugo dos Santos – Hugo dos Santos

Com referências estéticas sub-aproveitadas, disco perde potencial de boas canções

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Ano: 2016
# Faixas: 10
Estilos: Rock Psicodélico, Rock Alternativo, Indie
Nota: 2.5
Produção: Haley Guimarães

“Meu povo, me dê licença (…) tenho um verso pra cantar” – os versos que abrem o disco homônimo de Hugo dos Santos esclarecem sem delongas a motivação do artista para fazer música e, ao mesmo tempo, revelam um dos pontos mais alto de suas canções – a poesia. Para ampará-la sonoramente, o músico piauiense escolheu uma estética que transita entre Psicodelia, Rock Alternativo, Indie e o regionalismo (o que acaba sendo seu maior diferencial).

Há mais do que sotaque na identificação do artista com o Piauí. É fácil reconhecer um ritmo nas palavras e na construção da métrica que vem de uma raíz folclórica muito específica, o que só contribui positivamente à música. Incomoda, porém, como sua voz está sempre em um primeiro plano absolutamente definido, ao invés de aproveitar uma influência que seria positiva vinda dos estilos que referencia.

Sabe aquela cama volumosa tão característica da Psicodelia, ou aquela cara Lo-Fi que o Alternativo e o Indie ostentam? São aspectos que, se bem aproveitados em Hugo dos Santos, teriam impulsionado muito o carisma de sua produção. Há de Chegar e Longe Daqui são as que melhor fazem uso disso no álbum e, não por acaso, são superiores às demais.

Suas composições merecem destaque (Fim das Certezas e Deixa pra Trás são prova disso), mas a voz muito limpa para a roupagem que quer usar e a falta de um volume mais carregado, mais sujo mesmo, fazem com que o disco perca o potencial que poderia ter com o público a que se destina. São boas músicas que podem ser ótimas ao vivo, mas mostram-se aqui infelizmente medianas.

(Hugo dos Santos em uma música: Deixa pra Trás)

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.