Resenhas

The Men – Devil Music

Quarteto novaiorquino aposta em barulheira Punk no novo álbum

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Ano: 2016
Selo: Sacred Bones
# Faixas: 10
Estilos: Garage Rock, Rock Psicodélico, Punk
Duração: 34:00
Nota: 3.0
Produção: Jordan Lovelace, Jonathan Schenke

Rich Samis, Kevin Faulkner, Nick Chiericozzi e Mark Perro formam The Men, banda do Brooklyn, Nova York. A missão dos caras é trazer para os nossos tempos alguma estética Punk Garageira, algo que não é tão simples quanto parece. Devil Music é seu sexto trabalho e marca uma mudança na carreira dos sujeitos. Os discos anteriores apontavam para esta reinterpretação da barulheira guitarrística, mas sempre pegando emprestado alguma influência de estilos como Classic Rock, Folk e Country, conferindo ao Punk e às guitarras um papel mais coadjuvante. Agora, neste novíssimo disco, saem as citações clássicas e abre-se uma passarela para o esporro desfilar sozinho, com todos os holofotes voltados em sua direção.

As primeiras audições apontam para um trabalho intencionalmente caótico, algo que se confirma a partir das condições em que as canções foram gravadas: tudo ao vivo, incluindo vocais, procurando reproduzir ao máximo a experiência de ver a banda tocando num palco de uma espelunca enfumaçada qualquer. Isso sempre funciona quando as canções comportam espaço suficiente para performances energéticas, como é o caso por aqui. Mark Perro e Nick Chiericozzi, responsáveis pelas vozes, tiveram problemas com suas cordas vocais, tamanho o esforço para fazer as faixas chegaram onde a banda imaginava ser o ápice do barulho. De fato, a impressão que temos é que um grupo de Demônios da Tasmânia adentrou o estúdio e colocou vozes nas canções. Claro, é um disco de Rock para ser ouvido alto e que estende a mão para o ouvinte que quiser fazer seu stage diving no quarto, na sala, onde quer que esteja. E este é o maior mérito de Devil Music.

É nas faixas menos explosivas que The Men mostra seu talento como banda. O maior exemplo é a boa Patterns, que tem uma levada mais cadenciada e vocais quase sussurrados, mostrando boa melodia, algo que o espírito “ao vivo” do disco ressalta. Outro momento de destaque é um instrumental só com violão acústico, que dá título ao álbum, mostrando que há espaço para mais versatilidade no grupo, pontuando sua escolha em entregar um disco alto intencionalmente. Gun também é outro momento em que há como vislumbrar bom trabalho de guitarra e harmonias que lembram algo do R.E.M safra 1985/86, mas sem os belos vocais de Michael Stipe. Fire também tem bom resultado, lembrando algo como uma mistura de clima psicodélico à la The Doors com muralhas de guitarras e ruído.

Estes números menos barulhentos surgem em menor parte no álbum, é verdade. O privilégio está nas hecatombes sonoras de faixas como a quadra inicial, Dreamer, Crime, ferocíssima Ridin’On e o esporro supremo, Lion’s Den, quando temos a exata impressão que pedaços das entranhas de Perro e Chiericozzi poderão voar a qualquer instante pelas caixas de som e te atingir bem no rosto.

Devil Music é disco para ser ouvido alto, sem contraindicações para servir de trilha sonora para várias ocasiões. Ele deve ter performance bem interessante num domingo de manhã, quando você tocá-lo para acordar seus parentes, vizinhos e até gente da rua de trás, tamanha a potência das guitarras. Pra quem gosta, é um prato cheio.

(Devil Music em uma música: Patterns)

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.