Resenhas

Justice – Woman

Dupla francesa traz alma Funk ao seu trabalho sem abrir mão de sua assinatura

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Ano: 2016
Selo: Ed Banger/Because
# Faixas: 10
Estilos: French House, Dance Alternativo, Electro-Funk
Duração: 54:10
Nota: 4.0
Produção: Justice

Justice é uma dupla francesa de Música Eletrônica integrada por Gaspard Augé and Xavier de Rosnay que consagrou-se em 2007 com sua estreia intitulada Cross. Woman, seu terceiro trabalho, parece uma tentativa de adotar uma nova atmosfera para o duo, e, portanto, de renovar a sua marca registrada.

Safe and Sound, o single de abertura, sintetiza muito bem o teor do trabalho como um todo. Na estrutura da música, claro, mas também em seu título. Woman aposta em um território familiar, seguro e sólido, para conquistar seu ouvinte.

É praticamente impossível ouvir Woman sem pensar na influência que outra dupla de música eletrônica francesa tem sobre o trabalho. Se, em um sentido alargado, Daft Punk manteve um status de mestre subentendido ao longo de toda a carreira de Augé e de Rosnay, agora essa influência se acentua, e a virada orgânica em direção ao Funk que Random Access Memories proporcionou se torna, aqui, uma referência explícita.

O Funk dos anos 70 está presente como uma característica central em Woman. Seja no protagonismo do slap bass em Safe and Sound, seja nas vinhetas que fazem lembrar seriados televisivos americanos (S.W.A.T. ou Starsky & Hutch), seja nos vocais do colaborador Morgan Phalen nas faixas Pleasure e Randy.

Randy, aliás, é o ponto alto do trabalho, não apenas porque a performance vocal de Phalen soa cool e envolvente, mas porque é faixa que, instrumentalmente, resgata a assinatura que Justice consagrou em seus trabalhos anteriores. Se Woman possui, em geral, uma vibe mais macia e relaxada do que costumamos ouvir na dupla, Randy consegue trazer de volta a violência da levada Industrial e inserí-la nesse novo contexto “prazeroso” magistralmente.

Outros momentos, no entanto, soam como coadjuvantes fora de lugar. Alakazam! é uma revisitação de Giorgio Moroder, Close Call denuncia um flerte anacrônico com Vangelis e Chorus, com seus sete minutos de duração, coloca-se como um monolito alienígena que atravanca o andamento fluído do álbum até então.

Contudo, por mais que Woman possua tais desvios de rota, o álbum é uma tentativa acertada de apostar em um novo tom para a dupla, distante do ritmo frenético e sombrio de antes, e em direção a algo mais relaxado e solar. Randy, a faixa que melhor sintetiza essa aposta, sem abrir mão da assinatura da dupla, é uma das candidatas a favoritas do ano.

(Woman em uma música: Randy)

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BOM PARA QUEM OUVE: Jungle, Daft Punk, Chromeo
ARTISTA: Justice

Autor:

é músico e escreve sobre arte