Resenhas

Lady Lamb – Tender Warriors Club

Cantora americana entrega EP emocional e lírico

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Ano: 2016
Selo: Mom + Dad
# Faixas: 7
Estilos: Folk Alternativo, Lo-Fi, Singer Songwriter
Duração: 30:32
Nota: 3.5
Produção: Ally Spaltro

Lady Lamb é o nome artístico, de palco, nickname de Ally Spaltro, uma mocinha do estado americano do Maine. Ela começou a cantar há alguns anos, quando dava expediente noturno numa, veja você, locadora de DVDs. Ally varava a madrugada no estabelecimento, com seu violão, experimentando e compondo. Pouco depois, começou a se apresentar em alguns buracos da vizinhança, criou uma base de fãs e passou a vender suas gravações caseiras em pacotes feitos à mão. Mais fofo, impossível, uma vez que a menina tem uma senhora voz e um talento considerável. Adotou Lady Lamb como chamamento e até este EP, era Lady Lamb And The Beekeeper.

A praia de Ally é essa: Folk emocional, canções de autora, voz derramada sobre o ouvinte, charme fatal em dose certa e mínima produção, procurando captar tudo ao vivo, naquela noção certeira de que nada se repete como antes. Funciona, pelo menos aqui, neste bom Tender Warriors Club. A grande surpresa está na ideia de que ouviremos canções voz/violão por todo o percurso de pouco mais de meia hora. A impressão não está errada, mas Ally compõe e interpreta de um jeito que nos deixa na expectativa de que qualquer coisa poderá acontecer no verso seguinte, algo que é raro e bem louvável.

É o que acontece logo na faixa de abertura, a bela Heaven Bent, que enverga quase sete minutos de duração. Você está lá, achando tudo plácido, achando a cantora competente, tentando pescar algo dos versos e, de repente, sem aviso, a canção toma jeito de avião taxiando na pista, despejando potência nas turbinas. Dá até pra se segurar na cadeira e prestar atenção redobrada, mas não decolamos. Outro momento é na aparente monotonia da faixa 3, Salt, que parece um lago plácido, mas círculos vão se formando na voz e na emoção da menina, até que pensamos ser possível um submarino nuclear soviético surgir no tal lago, tamanha a carga solene que Ally imprime em seu vocal, lá pro final da faixa.

Quando pensamos que tudo é lento, surge See You, com levada de música pra acampamentos, ainda que tenha carga emocional suficiente para ser cantada em ocasiões muito mais solenes. Tangles também vai nessa praia, ainda que retome a lentidão, mas We Are Nobody Else é conduzida no banjo, com uma aura de improviso bem legal. Não por acaso, Ally anuncia em seu site que iniciará uma turnê para divulgar o EP … nas casas dos ouvintes. Em algumas cidades como Phoenix, Jacksonville, Nashville, Nova Orleans, Vancouver, Dallas, entre outras, ela fará shows ultra-extra-super intimistas, algo bem adequado ao que propõe nessas sete belas canções. Recomendo.

(Tender Warriors Club em uma música: We Are Nobody Else)

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.