Resenhas

Omar Rodríguez-López – Nom De Guerre Cabal

Experimentalista tenta seguir por caminho mais popular

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Ano: 2016
Selo: Ipecac
# Faixas: 9
Estilos: Rock Experimental, Rock Alternativo
Duração: 39:07
Nota: 2.5
Produção: Chris Common, Omar Rodriguez-Lopez

Aqui estamos nós, diante de mais um episódio da epopeia empreendida pela gravadora americana Ipecac, que remexeu o baú (fundo) do músico portoriquenho Omar Rodriguez-Lopez. A ideia dos sujeitos é lançar 12 discos até o fim deste ano e este Nom De Guerre Cabal é a penúltima etapa do caminho. Sabemos que Omar é um anarquista sonoro, um cara que faz da experimentação a sua rotina, que não tem qualquer problema em misturar, reinventar, coisar e descoisar suas criações, sempre afrouxando parâmetros, forjando novas/velhas/atemporais visões de sua própria criação. Isso é pra lá de saudável, certo? Certo.

Este novo álbum é mais uma coleção de reinterpretações e remixagens de canções já lançadas por ORL, neste caso, encapsuladas em num disco recente dele, Solo Extraño, de 2013. Ao contrário de outros lançamentos desta série, Omar não conta com participação de outros vocalistas, apenas dos bateristas DeAntoni Parks e Thomas Pridgen, que se revezam em quatro das nove faixas. Nas outras, nosso amigo se vale de uma parafernália de sintetizadores e engenhocas habituais de estúdio, garantindo a estrutura baixo/bateria/guitarra/loucura que costuma ser rotineira em suas canções.

Se há um problema por aqui, é o hermetismo. Dificil imaginar alguém que não seja familiar à obra do sujeito que se interesse num disco de reinterpretações obscuras de um outro álbum obscuro, lançado há cerca de três anos. Mas isso não importa muito, o legal desta série é ver o quanto a obra de Omar é respeitada pelos executivos da Ipecac que, não por acaso, são fãs do cara. A totalidade das canções por aqui é de viés eletrônico/esquisito, com pouco respeito a qualquer convenção que vise elementos Pop de qualquer natureza. É até interessante ver um experimentalista tentar rumar nesta direção mais popular como um exercício de habilidade, mas, definitivamente, não é esta a praia de ORL por aqui.

Se serve de conselho para os jovens que pousarem os olhos nesta simpática resenha, parte integrante da missão coletiva de Monkeybuzz no escrutínio da obra de Omar, procurem alguém para amar que respeite vocês como a Ipecac respeita a obra de Omar. De coração.

(Nom De Guerre Cabal em uma música: Victims Of Power)

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.