Resenhas

Omar Rodríguez-López – Some Need It Lonely

Último lançamento da série de experimentos do músico mostra-se inferior aos anteriores

Loading

Ano: 2016
Selo: Ipecac
# Faixas: 11
Estilos: Rock Experimental, Rock Alternativo
Duração: 38:13
Nota: 2.0
Produção: Omar Rodríguez-López

E chegamos ao fim da linha. Pelo menos por enquanto. Este é o o 12º álbum de material de arquivo de Omar Rodríguez-López, cumprindo a proposta de lançar uma nova coleção a cada quinze dias, proposta pela Ipecac Records lá no meio do ano. Ainda assim, com toda essa exuberância no catálogo do músico, é complicado achar que os fãs do sujeito não preferirão se animar com a notícia do lançamento de Governed By Contagions, novo single da banda primordial de ORL, At The Drive-In. Até porque Some Need It Lonely não passa de uma esta coleção final de material obscuro, na qual a experimentação exacerbada quase coloca tudo a perder. Mais que revisitar canções e reimaginá-las, o nível do material por aqui é quase indigente, talvez o pior álbum do pacotão.

A faixa de abertura, Bitter Sunsets, é um amontoado de microfonia metaleira amadorística que reveste batidões hip-hopescos de quinta categoria, que parecem colocados ali por falta de qualquer outra opção, ou pior, deliberadamente para causar no ouvinte aquela repulsa curiosa, que talvez seja o revestimento que dá o caminho das pedras da “grande arte”. Não se sabe se é o original ou um remix qualquer, mas os vocais parecem de seres do universo de Guerra Nas Estrelas, sem qualquer graça, no entanto. We Might, Sanity A Dream e Zofiel vão pelo caminho paralelo, dando a impressão que são apenas (más) ideias, que Omar decidiu mostrar ao mundo antes de seu término.

A presença dos vocais de Teri Gender Bender poderia amenizar a situação, mas os péssimos arranjos colocam tudo a perder, inclusive a paciência do ouvinte que não é iniciado no universo de ORL. A coisa só melhora um pouco na décima faixa, Ariel, em que a porradaria sônica arrefece em favor de um mínimo de estrutura musical, com acenos a uma psicodelia discreta e razoavelmente bela, até para padrões tão experimentais, cedendo espaço até para latinidades, que poderiam ser mais bem aproveitadas por Omar com uma espécie de marca registrada guitarreira.

Mais que mostrar várias nuances de um artistas prolífico e criativo, a série de álbuns de Omar serve para mostrar o respeito que uma gravadora pode ter por uma obra. Ainda que hajam altos e baixos – algo previsível em empreitadas como esta – é de se admirar o investimento que a Ipecac fez neste caso. Esperamos que isso se repita. Quanto a ORL, após vislumbrar tanto de seu universo criativo, penso que ele é um homem de banda. Sua maluquice é um componente importante numa coletividade e The Mars Volta e ATDI são bons exemplos disso, formações angulosas, multifacetadas, com peso e experimentação na dose mais ou menos certa.

(Some Need It Lonely em uma música: Ariel)

Loading

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.