Saído diretamente de um dos projetos mais consagrados no universo da música Indie, o músico canadense Tim Kingsbury abandona momentaneamente o seu posto de baixista na banda Arcade Fire para se lançar em uma empreitada solo. Distante do emaranhado cooperativo de um septeto, Sam Patch significa, para Kingsbury, mais do uma evasão de um território já conhecido, a possibilidade de comandar sua própria máquina: Yeah You, and I são os primeiros quilômetros percorridos do músico no comando de um projeto pessoal, mesmo que numa estrada familiar.
É por isso que, ao ouvir Sam Patch, reconhecemos imediatamente de onde o músico saiu. Não apenas Arcade Fire é a “cidade natal” onde Kingsbury mais se desenvolveu enquanto artista, como é também um projeto que autoriza a existência de novas bandas influenciadas por si. Nesse sentido, mesmo que desintencional, o nome do trabalho acaba por revelar justamente a essência do projeto: sim, estamos falando de um álbum que aprendeu com Arcade Fire, mas que mede seus esforços na tentativa de expressar-se individualmente.
Nesse sentido, Yeah You, and I é um variante de Reflektor, assim como este é, num sentido alargado, uma variante de seus predecessores. Temos um clima festivo que dá as caras timidamente – um jogo de cintura que deve muito à Talking Heads -, temos um acento interiorano vindo dos desertos gelados do norte do continente – que denunciam um parentesco com Andy Shauf – , temos um apreço pelo Folk e pela Psicodelia que prestam uma justa homenagem ao imaginário cancioneiro que até hoje contamina o Indie – Buffalo Springfield e derivados.
Sam Patch, por enquanto, oferece para o ouvinte um imaginário musical familiar, como se compartilhasse o que significa liderar um projeto pessoal, mais do que um projeto cuja expressividade pretende atingir os limites daquilo que se propõe a fazer. Yeah You, and I é uma road trip por um cenário plácido, evocativo e seguro de desertos setentrionais.
(Yeah You, and I em uma música: Listening)
