Resenhas

Chilly Gonzales e Jarvis Cocker – Room 29

Músicos unem-se em um álbum temático sobre o Hotel Château Marmont

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Ano: 2017
Selo: Deutsche Grammophon
# Faixas: 16
Estilos: Chamber Pop, Piano Pop
Duração: 50
Nota: 3.0

Dois anos depois do lançamento de Chambers, o auto-intitulado “gênio musical” Chilly Gonzales se une a Jarvis Cocker (mais conhecido pelo seu cargo à frente da banda Pulp) para a confecção de um álbum temático intitulado Room 29, unindo com maestria as habilidades executadas com distinção por cada um: a execução do piano em melodias cativantes e a narratividade pomposa de uma voz soberba, respectivamente.

O imaginário de Room 29 circunda o famoso hotel hollywoodiano Château Marmont, centrando-se nos possíveis ocupantes desse quarto específico. O clima é narrativo, e de um romantismo decadente (ou seria melhor dizer uma decadência romantizada?), contando de viajantes solitários, estrelas de cinema em crise e de refeições constituídas apenas por bebidas alcoólicas e sorvete do frigobar. Não é sem humor que a dupla entrega-se a esse projeto (veja o vídeo de Tearjerker feito para a Nowness, no qual Cocker prostra-se como uma diva sobre o piano de cauda), e a assunção da própria cafonice funciona como uma cola que une suas faixas entre si. O clima, é claro, desenrola-se em um ambiente intimista, no qual marcam presença apenas o piano e a voz, assessorados esporadicamente alguns sopros e cordas climáticos.

É interessante a implicação conceitual deste trabalho, pois se o Room 29 (o quarto do hotel) é um lugar onde os hóspedes precisam encarar seus fantasmas diante da solidão, assim também é com os músicos em relação ao disco. Não por acaso, tudo parece ser feito com cuidado e gravidade, como se os músicos contassem uma história de terror apontando uma lanterna para os próprios rostos enquanto o ouvinte atento senta-se assustado no escuro.

(Room 29 em uma música: Tearjerker)

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Autor:

é músico e escreve sobre arte