Diante da onda Indie na qual surfa a música contemporânea, dividida entre a Psicodelia, o Dream Pop, a Chillwave, o Beach Punk ou quaisquer que sejam as nomenclaturas possíveis para o que abrange esta vertente sonora carregada de reverb, encontrar uma banda lúcida como Real Estate é uma surpresa incomum. Vindo de uma trajetória estável que já entregou três álbuns completos (Real Estate, Days e Atlas), o quinteto norte-americano desenvolveu uma proficiência na linguagem sóbria que utiliza. O quarto exemplar dessa lista, In Mind, que agora chega até nós segue a mesma lógica de seus antecessores.
Ainda apoiado na construção de paisagens melancólicas típicas da banda, In Mind, como seu nome já denuncia, talvez seja o mais introspectivo entre aqueles de sua linhagem. A banda ainda canta com gentileza, oferecendo um cafuné sonoro para a melancolia que ela própria desperta. As melodias parecem ser as mesmas de antes, os arranjos, os timbres, enfim, tudo parece contribuir para o aconchego que apenas o retorno a um território familiar pode proporcionar.
A banda, no entanto, parece apontar discretamente para um desejo reprimido de algo diferente. A faixa Holding Pattern é um sintoma irônico no meio dessa linguagem: enquanto busca evidentemente novas abordagens sonoras, denuncia em seu título aquilo que na verdade faz, que é manter os padrões estabelecidos de antes. A lucidez da banda é tanta que o próprio grupo não consegue comprar muito bem o surrealismo que propõe. No clipe de Darling os integrantes não conseguem segurar o riso diante do absurdo de contracenar com um cavalo.
Na tentativa não-tão-bem-sucedida-assim de inovar, a banda, afinal, conseguiu fazer aquilo que vinha fazendo de melhor até agora, que é evoluir discretamente naquilo que já dominou. Pode apostar naquela tristezinha aconchegante de um fim de tarde daquela Real Estate que você já ouviu antes, porque é isso que temos aqui.
(In Mind em uma música: Holding Pattern)