Resenhas

Pessoas Que Eu Conheço – Uma Carta De Amor Para Sega Vol. 2

EP é feliz em trazer memórias de videogame como matéria prima de sua sonoridade

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Ano: 2017
Selo: 40%Foda/Maneiríssimo
# Faixas: 5
Estilos: Vaporwave, Eletrônico, Game Music
Nota: 3.5
Produção: Lucas de Paiva

Já faz algum tempo que os videogames deixaram de ser um passatempo para se tornarem algo muito além disso. A popularização dos e-sports é um exemplo bem claro da dimensão que isto passou a ter mas e, antes mesmo de Galvão Bueno narrar um jogo de League Of Legends, os jogos digitais já estavam intensamente internalizados no imaginário de muita gente.

Particularmente na música, isto passa ter um significado mais interessante, uma vez que a composição de peças usando samples e/ou ambientações típicas destes jogos antigos cria um vínculo afetivo muito maior pelo fato do processo criativo estar em constante contato com nosso microcosmo particular. Dessa forma, Lucas De Paiva assumiu esta dinâmica ao compor a segunda parte de um projeto criado em cima deste binômio afeição-videogame, dando prosseguimento à obra composta sob o nome de Pessoas Que Eu Conheço.

Uma Carta De Amor Para Sega Vol. 2 tem um título apropriado que deixa poucas dúvidas com relação a qual console inspirou Lucas a criar a sonoridade deste projeto. Fundador do selo 40%Foda/Maneiríssimo, o produtor usa samples muito característicos para criar um EP que, apesar de curto, transmite com nostalgia e competência um sentimento de que estes jogos fazem parte de quem Lucas é hoje. Nele, há momentos mais dinâmicos e agitados, como a faixa 005, que remetem àquela sensação típica de jogos de luta como Street Fighter II.

Em contraposição, composições como 009 trabalham bem uma ambientação misteriosa típica de RPGs como Parasite Eve, mesmo que este último tenha sido lançado para Playstation. As referências se misturam constantemente entre consoles e música e, talvez, este seja um dos grandes destaques deste EP. Isto com certeza tira o risco de colocar este registro naquela categoria experimental do Vaporwave, embora ele tenha uma sonoridade semelhante. As coisas aqui não tem um propósito de crítica ou experimentação, é memória emocional e afetiva pura.

Assim, Lucas cria um universo nostálgico que com certeza fará sentido àqueles que tiveram este tipo de contato constante com videogames na infância. Mas além disso, ele consegue usar este campo de sonoridades a seu favor, expressando emoções e sentimentos com uma linguagem que lhe é muito querida. Ficamos no aguardo de novos lançamentos deste projeto com novas e interessantes formas de representações sonoras de videogames.

*(Uma Carta De Amor Para Sega Vol. 2 em uma faixa: 009*

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique