Resenhas

Ringo Deathstarr – Mauve

Com uma sonoridade mais de raiz às influências, a banda chega ao seu segundo disco mostrando que veio para ficar, desta vez com mais peso e apego aos clássicos do Shoegaze

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Ano: 2012
Selo: Club AC30
# Faixas: 13
Estilos: Shoegaze, Nugaze, Noise Pop
Duração: 39:53
Nota: 4.0
Produção: Elliott Frazier

Apesar de já ter uns anos de estrada, foi através do primeiro disco de estúdio, lançado no ano passado, que conhecemos de verdade uma banda de nome engraçado e que parodia o nome de um Beatle. A Ringo Deathstarr lançava Colour Trip, um disco muito elogiado pela crítica, contendo um ótimo Shoegaze com Noise Pop. E como é tradição, sempre que uma banda se prepara para lançar o próximo material, vem junto dele o dilema do segundo disco. Ficam as dúvidas se haverá alteração no som, nas bases musicais, na temática – enfim, o segundo álbum acaba se tornando um motivo até de certa pressão para algumas bandas.

O que podemos ver em Mauve é que o trio texano não se deixou afetar por essa pressão e saiu compondo ótimas faixas. A banda manteve suas influências de My Bloody Valentine, The Jesus & Mary Chain e Lush, entre outras bandas de peso do Shoegaze raiz.

Podemos até dizer que se apegaram ainda mais a esse som, já que as faixas de Mauve vem bem mais densas, cruas e encorpadas e com toque de certa psicodelia, como pode ser visto logo na faixa de abertura, Rip, que vem junto de um vocal arrastado de Alex. Essa e outras, como Drag, Girls We Know e Wave, nos mostram que, diferentemente de Colour Trip, a energia do segundo disco vem mais da força das distorções e do som sujo do que de uma melodia mais Pop.

A atmosfera do novo trabalho diverge um pouco do anterior por se tratar de algo mais introspectivo e menos dançante. As músicas são, em sua maioria, sussurrantes e lentas ou com guitarras em afinações pesadas e contundentes. Porém, a junção de faixas de ambos os discos é algo muito bem receptivo. O exemplo disso foi o show da banda no SP Popfest no mês passado, no qual fez exatamente essa mistura.

O disco é interessante, pois agrada dois diferentes públicos. Os que já gostavam de Ringo Deathstarr vão encontrar um trabalho mais elaborado da banda, com maior apego às raízes do estilo. O outro público é aquele que não conhece a banda, mas é um apreciador do Shoegaze antigo e, dessa maneira, vai perceber que o trio soube muito bem trazer de volta esse som para 2012.

Se o dilema do segundo disco é algo que uma banda tem que quebrar, a Ringo Deathstarr o encarou sem medo e trouxe um disco primoroso e tão bom quanto o primeiro. Mauve chegou para confirmar a banda como uma das melhores do cenário alternativo no estilo.

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BOM PARA QUEM OUVE: Yuck, The Vandelles, My Bloody Valentine
MARCADORES: Noise Pop, Shoegaze

Autor:

Marketeiro, baixista, e sempre ouvindo música. Precisa comer toneladas de arroz com feijão para chegar a ser um Thunderbird (mas faz o que pode).