Ao mesmo tempo em que a primeira viagem proposta por Bike em 1943 estava bem calcada em boas referências da música lisérgica setentista, estava também presa a algumas amarras estilísticas que não deixavam o disco decolar. Já em Em Busca da Viagem Eterna, a história é bem diferente. Livre, a coleção de músicas se permite experimentar com sensações e sons novos para criar algo completamente diferente do que foi visto em seu debut.
Ainda que o LSD pareça ser o combustível primordial dessas nove novas canções, há também o desejo de pedalar livremente pela psicodelia e absorver de suas mais diversas paisagens traços para sua música. É perceptível uma variada gama de influências aqui, de DIIV (Psicomagia) à Tame Impala (A Divina Máquina Voadora), passando ainda por Unknown Mortal Orchestra (Do Caos Ao Cosmos) e Real Estate (Transe). Um misto de referências que compõem uma ampla paleta sonora e que garante ao ouvinte boas surpresas a cada nova canção.
A abordagem desta vez traz também traços do Dream Pop, Shoegaze e Garage Rock como um sopro de inovação. Coeso, ainda que bem vasto em sonoridades, o disco se mantém interessante do começo ao fim, sempre trazendo algum novo elemento ou timbre que prende a atenção do ouvinte. A produção, agora toda assumida pela banda, também se mostra mais detalhada e pensada para soar abrangente – assim como as letras que ficam mais evidentes, ainda que parecem vir do mesmo poço criativo de 1943.
O resultado é uma reinvenção completa do grupo, que agora assume um som mais poderoso e que conversa com públicos diversos. A tal expansão da consciência do uso de substâncias alucinógenas parece ter causado nesse segundo passeio da Bike uma viagem mais interessante e que leva o ouvinte mais longe.
(Em Busca da Viagem Eterna em uma faixa: A Divina Máquina Voadora)
