Resenhas

Big Walnuts Yonder – Big Walnuts Yonder

Banda alternativa de figurões Indie mostra-se dispensável

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Ano: 2017
Selo: Sargent House
# Faixas: 10
Estilos: Rock Alternativo, Rock Experimental, Lo-Fi
Duração: 37:05
Nota: 2.5
Produção: Big Walnuts Yonder

Liberdade estética, né? Isso é o que vem à mente quando ouvimos o disco de Big Walnuts Yonder, uma banda descolete e experimental formada por Nels Cline (Wilco), Mike Watt (Minutemen), Greg Saunier (Deerhoof) e Nick Reinhart (Tera Melos). O primeiro disco dos sujeitos está saindo agora e traz este movimento já manjado por nós: músicos cansados dos compromissos com suas bandas resolvem montar um projeto paralelo para dar vazão ao superávit artístico que não cabe em seus grupos titulares, presos a alguns paradigmas estéticos e com uma demanda fixa por novas canções, discos etc. e tal. Daí surgem essas situações, potencializadas pela Internet e o mercado de música digital, que é a desses projetos, na verdade, praticamente tudo o que é feito por artistas, chegar ao status de “produto comercial”.

Aí entra uma pequena discussão: até que ponto esse movimento é válido? Realmente tudo o que é feito por artistas deve ser encarado como um objeto passível de fruição por parte do público? Mesmo os que são intencionalmente largados, despretensiosos e intencionalmente pequenos? Eu mesmo me divido na hora de responder. Por um lado, digamos, ideológico, sou a favor da informação sempre circular até virar conhecimento. Sendo assim, acho legal que os fãs das bandas titulares dos músicos envolvidos tenham acesso. Por outro lado, qual o motivo/propósito de colocar “pra jogo” um álbum com canções tão fraquinhas, sustentado na suposta transmissão da felicidade dos envolvidos em realizá-lo? O sentimento que este trabalho transmite é o de uma grande jam session com total descuido e pouco apego pela melodia. Estou procurando um termo elegante para não dizer que o álbum é chato. Ops, escapou.

Mas é isso o que sai das caixas de som. Chatice. Cançonetas dissonantes planejadas, executadas por quarentões querendo ser jovens, desprezando o que o início da maturidade pode trazer de bom. Nada contra a zona pura e simples, mas ela não funciona apenas como motivo, é preciso um pouco de conceito, de planejamento e algumas faixas mostram que o resultado poderia ser bem melhor se esta carência fosse suprida. Nesta prateleira estão Pud e All Against All, com tentativas bem intencionadas de ritmos dançantes com guitarras amalucadas e bateria pulsante, lembrando bastante o que Beck fazia em, vejamos, 1994/96, quando surgiu para o estrelato indie. Nada de novo, portanto, muito pelo contrário.

A maioria das canções de Big Walnut Yonder, o disco, usa o parâmetro de largação sonora alternativa cunhada por gente como Pavement e Guided By Voices em suas formações iniciais, ou seja, mesclas cacofônicas com guitarras dissonantes tudo engendrado para soar fora de tom e com a intenção de causar aquela cara de “uau, que doideira” no ouvinte. Claro, há um cuidado relativo em manter esta sonoridade/atitude atualizada, mas, repito, é mais simples e eficaz encarar esta empreitada como chata.

(Big Walnut Yonder em uma música: Pud)

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.