Quer ouvir uma afirmação ineficiente? Aí vai: Noga Erez faz Pop Eletrônico. Se a frase não é incorreta, ela – pode ter certeza – não comunica a dimensão nem de forma, nem de conteúdo que seu Off the Radar apresenta. É sim bastante Eletrônico e um tantão Pop (principalmente no sentido estrutural de suas canções), mas, grosseiramente falando, ela está mais para Björk do que para Grimes.
Não que ela não possua um vocal marcante acentuado por batidas eletrônicas e timbres sintetizados (aliás, seu som é exatamente isso), só que há um aspecto mais “autoral”, como costumamos chamar a música com maior liberdade criativa, e, principalmente, uma qualidade envolvente não necessariamente tão divertida, dançante ou colorida em seu som.
Off the Radar, com o superclose em seu rosto na capa, registra o potencial de criação da artista israelense nos desdobramentos de sua estética. Ela sabe causar uma tensão evidente com os graves, drops e beats (ouça Toy e comprove), ou mesmo com a própria dinâmica da progressão de uma música (Global Fear é o melhor exemplo disso), mas, mesmo assim, o que fica do disco é uma audição mais leve, de fácil digestão (daí charmarmos de Pop também), principalmente por “alívios” que as muitas faixas curtinhas, praticamente interlúdios, trazem, ou músicas como Noisy trazem.
A dificuldade de explicar o álbum em poucas e simples palavras e a necessidade de atenuar suas aparentes contradições revelam a forte personalidade de Noga Erez enquanto musicista, e é isso o que liga todas as músicas, mais ainda que as vinhetas. À medida que ouvimos o disco, não é difícil entender que é a mesma artista na batidão-quase-Hip-Hop Dance While You Shoot e na meio-balada-praticamente-um-Dream-Pop-diferentão Junior, que encerra o disco.
E isso é o que nós, fãs de música, mais procuramos. Que bom que encontramos.
(Off the Radar em uma música: Off the Radar)
