Resenhas

Amber Coffman – City Of No Reply

Em sua carreira solo, artista arrisca timidamente uma incursão ao território Pop

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Ano: 2017
Selo: Columbia
# Faixas: 11
Estilos: Pop Alternativo, Indie, Country
Duração: 45:55
Nota: 4.0
Produção: David Longstreth

Amber Coffman é uma musicista norte-americana que ficou conhecida do grande público – ao menos daquele consumidor de música Indie na virada da última década – por ser uma das integrantes da banda Dirty Projectors. Recentemente, o término do seu relacionamento com David Longstreth lançou a artista em direção à sua carreira solo, que se inaugura com este City of No Reply.

Assim como o auto-intitulado Dirty Projectors, City of No Reply é um break-up album, ou seja, um disco que foca nas amarguras de um término de relacionamento, revirando a roupa suja do ex-casal Coffman e Longstreth. Felizmente, para nós ouvintes, quando tais reflexões chegam na esfera pública, elas deixam de ser sobre dois indivíduos específicos e passam a configurar uma analogia sentimental que serve a todos nós.

Apesar disso, City of No Reply não é uma obra melancólica ou amarga, mas uma narrativa revigorada de uma artista que reencontra sua própria voz. É claro, suas letras inevitavelmente tocam em um ressentimento ou outro, cutucando alguns nervos recentemente expostos do desencontro amoroso, mas também falam sobre perdão, saudades, auto-conhecimento e sobre aquela grande redenção final que todos-já-sabemos-qual-é-mas-que-nunca-envelhece: o amor.

Musicalmente, a marca de Dirty Projectors ainda é bastante visível na impressão digital da artista, ainda mais considerando que Longstreth foi o responsável pela produção do álbum antes das coisas azedarem de vez. Impossível não reconhecer, por exemplo, as semelhanças entre os videoclipes de Little Bubble e All To Myself, faixa de abertura do trabalho. Este também é o caso de Kindness, música na qual as melodias anti-intuitivas e as batidas sincopadas do músico ainda ressoam em primeiro plano. No entanto, existe um território Pop, meio puxado ao Country, que é onde Coffman parece dançar com mais liberdade. No Coffee, por exemplo, exibe uma trivialidade Twee que mistura o lirismo cotidiano de Alvvays ao bucolismo de Haim. If You Want My Heart soa como uma realidade alternativa de Kate Nash, caso a cantora tivesse enveredado pelos caminhos tortos do Pop Contemporâneo.

City of No Reply, afinal, chega até nós sob um paradigma Pós-Dirty Projectors, ou seja, sem confabular com o projeto antecessor, mas fazendo inevitavelmente referência a ele. Existe, no entanto, um desejo Pop de acessibilidade que dá cor à sonoridade da carreira solo da artista e que a ajuda – para usar uma metáfora natural ao estilo de Coffman – florescer com jovialidade.

(City of No Reply em uma música: No Coffee)

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BOM PARA QUEM OUVE: Lily Allen, Kate Nash, Regina Spektor
ARTISTA: Amber Coffman

Autor:

é músico e escreve sobre arte