Resenhas

Charlotte Dos Santos – Cleo

Jovem norueguesa embarca na viagem de tornar-se mulher

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Ano: 2017
Selo: Fresh Selects
# Faixas: 10
Estilos: Pop Alternativo, Jazz, Synthpop
Duração: 31
Nota: 4.0
Produção: Charlotte Dos Santos, Fredfades

Eu nomeei o álbum Cleo porque ela representa a mulher que todos poderíamos ser. Eu queria que o álbum fosse centrado em torno da feminilidade, do poder e da independência, refletindo a mulher que eu gostaria de ser assim como eu sinto que estou me tornando.” Essas são as palavras de Charlotte Dos Santos, uma jovem musicista norueguesa que, em seu álbum de estreia, procura na prática a aplicação para a máxima Beauvoiriana: “não se nasce mulher, torna-se mulher”.

Dos Santos é uma cidadã do mundo do século 21. Vinda de uma infância na Noruega encoberta pela música – o pai, brasileiro, apresentou-lhe a Bossa Nova, e mãe abriu seus ouvidos para as melodias do Oriente Médio -, e passando por uma temporada nos Estados Unidos, na qual estudou na prestigiada Berklee College of Music, a jovem tem uma visão ampla da linguagem artística e parece desconhecer o conceito imaginário de fronteira. E esse mundo no qual herança e cultura se interpenetram sem limites detectáveis se reflete na sua música.

Ouvir Cleo é reconhecer a música Eletrônica nórdica, atmosférica e nublada, a ginga dos ritmos africanos que herdamos no Brasil, uma virtuose do Jazz acadêmico, e, é claro, uma veia Pop americana. Tal mistura nos remete um pouco a Toro Y Moi, um pouco à Matt Martians, e, acima de tudo, ao espectro explorado por mulheres como Lalin St. Juste (The Seshen), Yuna ou Lianne La Havas.

Charlotte Dos Santos embarcou na jornada em busca do que a faz ser quem é. O que Cleo nos ensina é que não é a enumeração de influências que vai trazer a resposta, mas a viagem em si. Experimentando por territórios incertos que não admitem classificações categóricas, Dos Santos entrega um dos trabalhos mais sofisticados da temporada.

(Cleo em uma música: Red Clay)

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Autor:

é músico e escreve sobre arte