Resenhas

Vancouver Sleep Clinic – Revival

Disco de estreia de produtor australiano desliza em mesmices e pouca inventividade

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Ano: 2017
Selo: Sony Music
# Faixas: 11
Estilos: Chillwave, Dream Pop, Pop Alternativo
Duração: 46:01
Nota: 2.5
Produção: Vancouver Sleep Clinic e Al Shux

Quanto Tim Bettinson escolheu o nome Vancouver Sleep Clinic para seu projeto, ele tinha em mente justamente essa capacidade de fazer alguém adormecer e sonhar com sua música. Essa relação foi logo percebida quando o primeiro EP, Winter, foi lançado, contendo uma boa escolha de timbres melancólicos, doces e bastante oníricos. Flertando com a Ambient Music e Chillwave, o produtor australiano logo ganhou destaque em canais de curadoria no YouTube, como Majestic Casual, principalmente pela capacidade de produzir músicas Pop bastante pegajosas e envoltas daquela aura etérea, tendência forte na música Eletrônica atual. Assim, chegou o momento de consolidar sua estreia com um disco completo, compreendendo suas melhores características a fim de mostrar de forma clara “o que é Vancouver Sleep Clinic”. O disco nasceu e Tim nos fez dormir, mas talvez da maneira contrária à planejada.

Revival é um título bastante irônico, pois implica que precisa apresentar algo novo e, no caso, não o faz. Na verdade, esse registro de estreia é uma versão maior daquilo que já conhecíamos e, por esse motivo, o sono que ele nos traz é mais pela falta de inventividade. De forma alguma, isso deve ser confundido com um trabalho mal produzido, afinal a fama do projeto tem seu mérito claro e comprovado. O grande problema do álbum está em não trazer nada além do esperado e, por isso, cair em uma viagem bastante previsível e com poucos momentos marcantes. Estruturas e arranjos básicos são os pontos mais incômodos no trabalho, muitas vezes se copiando entre si e criando loopings criativos bastante cansativos. De certa forma, é como se Revival tivesse sido lançado no tempo errado: se não conhecêssemos o produtor antes dele, talvez sua apreciação seria notadamente diferente.

Embora cansativo, há momentos interessantes. Empire, por exemplo, é consistente e bem planejada em criar uma cadência que explode no refrão de forma emocionante, Lung relembra as raízes da Ambient Music, com sobreposições de camadas etéreas e reverberadas que trazem aquela sensação de sonho que Tim tanto imaginara para suas produções e Wildfire é uma das faixas que tem um apelo Pop intenso e, embora possa ser massante, é feliz em trazer clara influências até mesmo do Indie Folk, como Bon Iver. A faixa que dá nome ao disco talvez seja a que traz um olhar mais aguçado e maduro sobre suas referências, trazendo um peso intenso ao refrão explosivo, fugindo um pouco da Ambient e trazendo à tona a epifania do Post-Rock.

Portanto, Revival talvez não seja a pior coisa que Vancouver Sleep Clinic já produziu, embora esteja bem longe de ser melhor. Mesmo com uma esteia precipitada, o produtor deixa um rastro de esperança nesta última faixa que mostra que existe um potencial interessante a ser explorado em futuros lançamentos. Um olhar atento no jovem pode revelar surpresas no futuro mas, por ora, ficamos com este registro bastante mundano e de poucos picos.

(Revival em uma faixa: Living Water)

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique