Ao ouvir Living EP, a impressão que se tem é a de que o duo inc. no world tem seu valor enraizado na maneira com que sabe trabalhar tão bem algumas músicas que, nas mãos de outros artistas, poderiam ser um grande “mais do mesmo”. Com os irmãos Aged, entretanto, somos presenciados com faixas de alta qualidade que fogem dos lugares comuns ao mesmo tempo que pertencem a uma sonoridade familiar ao público de hoje em dia do – na falta de um termo mais preciso – Indie.
Há uma ambientação bastante própria de um R&B distante do mainstream amparado por vocais típicos das músicas do – novamente apelando para uma classificação deveras abrangente – Pop feito com banda nas últimas décadas, ou seja, o som que reconhecemos como “nostálgico” ou “retrô” que influencia tantos discos desta década. E essa é uma informação importante para entender o valor do EP, o quanto ele está em par com o espírito do seu tempo, ainda que saiba desenvolver uma identidade muito própria.
Essa personalidade vem, principalmente, de uma predominância do uso de instrumentos propriamente ditos, ao invés de um som referencialmente sintetizado – algo presente no EP, mas acomedido. Ao lado dessa escolha estética, vem a preferência por um som nem sempre tão carregado, com momentos quase mínimos aqui e ali que parecem ter a intenção de valorizar seus timbres.
Esse é o grande acerto de inc. no world em Living EP, ao mesmo tempo que causa o tropeço na hora do disco encontrar um público maior, visto que uma obra de identidade única possui o apreço de alguns e a desatenção de muitos outros, que buscam sons de assimilação mais simples. De qualquer forma, o duo mostra que encontrou seu lugar no meio do caminho entre os referenciais Indie e R&B e, principalmente, que sabe entregar músicas de grande beleza nessa estética.
(Living EP em uma música: Sowed)
