No papel, o primeiro disco de estúdio do rapper Wiki é excelente. Produzido por nomes como Earl Sweatshirt e Kaytranada, No Mountains in Manhattan é um retrato crônico e particular de Patrick Morales a respeito de Nova York. Seu flow, um misto de spoken-word com toques de rap dos anos 1990, é por si só um atrativo à parte dada sua unicidade. No entanto, o excesso de músicas (16) e ritmo quase uníssono de algumas batidas tornam seu trabalho cansativo.
O disco parece que nunca engata. Apesar de reservar algumas boas músicas, como Made for This, que tem Ghostface Killah roubando a cena, ou a misteriosa Pandora’s Box, com Evy Lane ( faixa que expõe o relacionamento do rapper com Princess Nokia), de forma geral, nada aguça os ouvidos. Não que seja um trabalho medíocre musicalmente, apenas nada inovador.
Algumas qualidades partem de batidas noventistas como em NMIN ou em Chinatown Swing – tais referências, no entanto, já estão no Hip Hop atual há pelo menos três anos e mostram-se um pouco datadas. O excesso de faixas e a falta de um single marcante também joga contra o rapper, que tenta justificar No Mountains in Manhattan como uma obra única e autossustentável sem manter o ouvinte atento o tempo todo.
Em um período com tantos novos MCs e rappers ganhando espaço nos EUA e no Brasil, o hype ao redor de Wiki parece pouco justificável, pelo menos com esse disco. Suas interações anteriores com o grupo Ratking abriram espaço para que No Mountains in Manhattan surgisse – trabalho ambicioso que provavelmente servirá de inspiração para que uma obra mais definitiva de Patrick apareça.
(No Mountains in Manhattan em uma música: Made for This)
