A estadunidense Hannah Read, que ataca pelo codinome Lomelda, é uma jovem artífice do Indie, produto cultural da herança do Rock Alternativo de seu país. O que este Thx, no entanto, mostra para nós – conforme já havíamos intuído na seção Ouça do site – é que Read mede o relacionamento com seus iguais não pela proximidade, e sim pela distância.
Ou seja, é fácil de entender como a artista pertence a uma linha cronológica na qual habitam também Pixies, Teenage Fanclub, Feist, Mac Demarco, Courtney Barnett, e assim sucessivamente (artistas vindos de países distintos, mas todos influenciados por elementos culturais semelhantes). No entanto, Read é de Silsbee, uma cidadezícula no Texas, um contexto que condiciona qualquer contato artístico a horas e mais horas de viagens em longas estradas desertas.
Isso aparece na música de Lomelda, tanto literalmente (veja os títulos das músicas Interstate Vision e Nervous Driver, por exemplo), quanto poeticamente, como na faixa Out There, inspirada por uma história do irmão da artista, que dizia ter conhecido Elliott Smith. É isso: existe uma conexão, mas esta vem marcada pela distância, pela fantasia, pela imaginação, pela solidão.
Solidão e introversão, aliás, são dois aspectos marcantes por aqui. Existe um apreço pelos detalhes que deixam a produção do álbum cristalina, e Read elabora os trejeitos de sua música de modo a denotar um certo embaraço social. Ela canta com a boca fechada, e nos momentos de refrão, ao invés de um crescendo, os instrumentos se retiram deixando espaços vazios. É possível sentir aquela veia da esquisitice pulsando, um refúgio lírico que nasce de olhos fechados, assim como é na música de Josephine Foster, Kiran Leonard e, é claro, Elliott Smith. Thx é uma pequena pérola encontrada no deserto do Texas. Ouça já.
(Thx em uma música: Out There)