Resenhas

The Killers – Wonderful Wonderful

Banda abraça a cafonice oitentista sem medo de ser feliz

Loading

Ano: 2017
Selo: Island
# Faixas: 10
Estilos: Indie, Indie Pop, Indie Eletrônico
Duração: 43
Nota: 2.5
Produção: Erol Alkan, The Killers, Jacknife Lee, Stuart Price

É, amigo, aquele Indie que você ouvia continua por aí. The Killers, por exemplo, banda americana liderada por Brandon Flowers, lançou seu álbum de estreia Hot Fuss em 2004, e logo colocou-se na liderança de um estilo musical que passou a determinar o status quo do que se entendia por Rock Alternativo ao longo de uma década. Se, no entanto, muitas daquelas bandas que alucinaram a cabeça dos jovens ainda estão por aí, elas já não são mais as mesmas.

The Killers mostrou ao público cool, a galera alternativa até então orgulhosamente blasé, que era possível se descabelar por amor. O tempo passou e a fermentação do grupo resultou em uma ambição Pop, de fazer músicas (hinos!) para cantar nos shows lotados de estádio de futebol, marcadas por um amor declarado pela cafonice dos anos 80.

Wonderful Wonderful é a consequência lógica do caminho trilhado por The Killers até aqui. Se Battle Born, por exemplo, tinha esse jeitão de algo meticulosamente construído para soar “grandioso, imponente e imbatível”, e feito para tocar no rádio, cá estamos nós novamente. Flowers e sua turma sem dúvida miram mais na indústria musical do que na exploração autêntica das possibilidades estéticas da música, como se estivessem em campanha para substituir U2 no cargo de porta voz do Rock mundial.

Por isso, para aproveitar Wonderful Wonderful, seria melhor deixar o discernimento crítico descansando de lado e se jogar na cafonice sem medo de ser feliz. É o que faz a banda, sem se deixar, entretanto, converter pelo lado The Darkness da força. Wonderful Wonderful tem uma visão que mescla um pouco de Daft Punk, um pouco de U2, um pouco de Justin Timberlake, e ocupa um time do qual fazem parte bandas como fun., Kings of Leon ou Tuxedo. Fala de assuntos sérios, de crises existenciais, de bloqueios criativos, forçando sempre um pouco a barra do melodrama.

A produção do trabalho é impecável, polida, mas diz pouco, e quase artificializa as emoções humanas, não fossem os momentos de fragilidade – assumidos ou não – de Flowers em algumas letras. No entanto The Killers, em Wonderful Wonderful, não pede pra ser levado a sério e segue no caminho do entretenimento, ou seja, da música feita para divertir.

(Wonderful Wonderful em uma música: Tyson vs. Douglas)

Loading

BOM PARA QUEM OUVE: Tuxedo, Kings of Leon, fun.
ARTISTA: The Killers

Autor:

é músico e escreve sobre arte