Resenhas

The World Is a Beautiful Place & I Am No Longer Afraid to Die – Always Foreign

Terceiro disco do grupo aposta em sonoridade mais “simples” e letras mais incisivas

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Ano: 2017
Selo: Epitaph
# Faixas: 11
Estilos: Emo,
Duração: 42 min
Nota: 4.0

Vista em perspectiva, talvez a qualidade que melhor define a sonoridade de The World Is a Beautiful Place & I Am No Longer Afraid to Die seja sua não linearidade, ou a possibilidade de divagar musicalmente e liricamente por onde seus membros bem entenderem. Agora, com três discos lançados, isso fica mais evidente do que sua ligação com o Emo ou ou com o Indie Rock, que, é claro, continuam presentes em seu mais novo registro.

Para Always Foreign, David Bello e companhia se aprofundam numa escrita narrativa que começou a ganhar força em algumas faixas de seu antecessor, Harmlessness (2015). A exemplo de January 10th, 2014, que conta a história de uma mulher em Juarez, no México, que matou dois motoristas de ônibus que assediaram, estupraram e mataram centenas de mulheres ao longo de quase de 20 anos. O que ficava evidente ali era busca por temas, ainda que pessoais, mais abrangentes e que dialogassem com outras tantas pessoas.

É dessa busca que parece surgir temas como capitalismo, política (e pode ser que a eleição de Donald Trump tenha grande papel nisso) e racismo (sofrido por seu pai porto-riquenho desde sua chegada aos EUA) ao longo da obra. O maior exemplo disso é o single Marine Tigers, no qual Bello disseca esses temas com letras como “Can you still call it a country?/if all the states are broken/Can you still call it a business?/if all you do is steal?” ou “Making money is a horrible and rotten institution”. Temáticas que também surgem em canções como Gram e Fuzz Minor.

Mas problemas puramente pessoais ainda têm espaço por aqui, e uma música em especial parece exorcizar um demônio que vinha assombrando a banda desde o ano passado. A saída da guitarrista Nicole Shanholtzer parece ter deixado marcas profundas e que geraram letras raivosas como se nunca viu antes no grupo. “Can’t seem to erase you. I threw out all the records you’re on“ ou “I hope evil can see this, and you get what you deserve (…) I wish for you to suffer like I had wished that we would ,not” presentes em Hilltopper, mostram isso.

Musicalmente, o disco está mais para Harmlessness do que para Whenever, If Ever (2013). Há mais “Pop Punk” do que Post Rock. Há mais simplicidade e urgência (agressividade em alguma músicas), do que a letargia e o torpor de outrora. Há também mais cores, mais dinamismo, que parecem deixar o disco mais simples em sua camada instrumental para deixar as letras ainda mais em evidência. O resultado é o disco mais acessível da banda até o momento, ainda que seu antecessor esteja no páreo.

No geral, Always Foreign é um álbum que reúne os pontos mais fortes de TWIABP e o leva para um lugar diferente, além de um registro que me parece bem menos otimista. Se em Getting Sodas, presente em Whenever, If Ever, o grupo cantava “The world is a beautiful place/But we have to make it that way”, aqui a banda canta “The future just got here again and again now/The present was awful but it’s all past now” (The Future). Afinal, parece que nos últimos anos o mundo já não está mais tão belo.

(Always Foreign em uma faixa: Marine Tigers)

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts