Resenhas

Lee Ranaldo – Electric Trim

Músico afasta-se gradativamente de Sonic Youth e experimenta com o Folk

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Ano: 2017
Selo: Mute Artists
# Faixas: 9
Estilos: Art Pop, Power Pop, Folk
Duração: 55
Nota: 3.5
Produção: Raül "Refree" Fernandez

Embora o encerramento das atividades da banda Sonic Youth, um dos fenômenos do Rock Alternativo estadunidense dos anos 90, tenha sido uma triste notícia para os fãs, é interessante notar, agora com cada integrante tocando seu respectivo projeto solo, as diferenças nas contribuições individuais para a sonoridade do grupo. Se Sonic Youth exibia um umami musical, ornando sabores distintos, os projetos que nasceram após a dissolução do grupo mantém cada um seu gosto particular.

Lee Ranaldo ainda é o mesmo de outrora, dono de uma voz mais seca e metódica do que a de seus companheiros. No entanto, o artista vem se afastando gradativamente da marca registrada da banda. Electric Trim talvez seja o álbum do músico que mais brilha fora da sua zona de conforto. Isso tudo tem a ver com o coração aberto do artista em experimentar novas propostas vindas do produtor Raül Fernandez, o Refree. O interessante no caso de Ranaldo é que experimentação significa justamente fazer um álbum convencional.

É claro, ainda temos as afinações abertas e as melodias inconfundíveis do compositor, mas o time de convidados ajuda a estabelecer um clima acústico e sereno praticamente inédito na obra do músico. Sharon Van Etten, Nels Cline (Wilco) e Steve Shelley são três ótimos exemplos, pilares que desenham um plano sob o qual o disco se assenta, um pouco Folk, um pouco Power Pop e, é claro, acenos do Art Rock.

Electric Trim é um álbumzão de estúdio, que não economiza na produção, daqueles impossíveis de representar com fidelidade no palco, o que dá um peso à audição. Há muitos timbres acústicos, ruídos no plano de fundo e as letras são evocativas e se expandem por versos longos, resultado da colaboração de Ranaldo com o escritor Jonathan Lethem. Ouça Last Looks e Uncle Skeleton para ter um balanço do que significa essa abordagem mais assimilável do compositor. É um carinho no ouvido e um sabor de novidade para os órfãos do grupo.

(Electric Trim em uma música: Last Looks)

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BOM PARA QUEM OUVE: Steve Shelley, Big Star, Wilco
ARTISTA: Lee Ranaldo
MARCADORES: Art Pop, Folk, Power Pop

Autor:

é músico e escreve sobre arte