Resenhas

Petit Biscuit – Presence

Disco de estreia de produtor francês é uma coletânea de clichês bem aplicados

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Ano: 2017
Selo: Petit Biscuit Inc.
# Faixas: 14
Estilos: Chillout, Chillwave, Eletrônica
Duração: 53:47
Nota: 3.0
Produção: Petit Biscuit

A França é um dos polos mais prolíficos da música eletrônica contemporânea. Lar de nomes como Daft Punk, Air, Justice e Mr. Oizo, o país agregou um novo significado a este gênero, fugindo dos estereótipos da Dance Music, sem necessariamente negar a influência Pop que a Euromusic exercia nos charts. Entretanto, quando focamos nesses nomes mais conhecidos e relevantes, parece que colocamos toda a cena francesa em um pedestal, ignorando o que existe entre os pontos mais altos. O jovem produtor Petit Biscuit é um exemplo de que nem tudo que provém de lá é algo genial, mas certamente mantém uma qualidade significativa em relação à onda EDM de discípulos de Diplo, Martin Garrix e Calvin Harris.

Lançando seu disco de estreia intitulado Presence, o produtor francês se sente confortável em expor suas referências primordiais, permeando o território da Chillwave mas dando uma ênfase mais Pop do que nomes principais do gênero como Toro Y Moi e Washed Out. É um disco que mostra as potencialidades do minimalismo, que desvia de excessos complexos e mostra que boas canções não precisam de tantos elementos assim. De qualquer forma, não há nada que mostre uma identidade consolidada, evidenciando um apoio em clichês do gênero Chillout que chega a ser bastante enjoativo e previsível. A onda etérea e onírica que acompanha as catorze faixas não oferece um grande diferencial e, embora estejamos falando de canções bem produzidas, falta algo que diferencie Petit Biscuit dos demais produtores.

Um pitada de Retrowave inicia esse disco com a faixa Creation Comes Alive, abusando de compressores e sintetizadores dos anos 80. Um pouco mais dançante, Problems flerta com o Lounge ao mesmo tempo que imprime os vocais Pop de Lido no melhor estilo “música de comprar roupa”. Beam, como o próprio nome sugere, lança um raio de explosão nos ouvintes, à medida que distorce os sintetizadores, parecido com timbres utilizados por Bauer e o duo Chainsmokers. A faixa que dá nome ao registro brinca com instrumentos acústicos dando algum diferencial, mas logo já cede aos estereótipos da Club Music no melhor estilo “tum-ti-tum-ti”. Petit Biscuit é certamente capaz de criar ambientações bem calmas e oníricas como nas faixas Waterfall e Oceans. Por fim, The End termina o registro da mesma forma que ele se manteve na maioria do tempo: com o excesso de compressores, repetições de frases e quebras de tempo.

É um pouco excessivo falar que Presence é um disco ruim. Certamente não é um trabalho super inventivo ou único, mas o talento de Petit Biscuit é indiscutível. É possível que discos futuros possam propor outros caminho mais maduros, mas por enquanto vemos um produtor ávido por reproduzir aquilo que o cerca ao invés de criar seu próprio imaginário. Um disco de clichês gostoso de escutar.

(Presence em uma faixa: Problems)

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BOM PARA QUEM OUVE: The Chainsmokers, Tycho, M83
ARTISTA: Petit Biscuit

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique