Resenhas

Tuyo – Pra Doer EP

Compacto de estreia do trio curitibano mostra sua proposta “Folk Futurista”

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Ano: 2017
# Faixas: 4
Estilos: Folk Futurista, Folk, Experimental, Folk Eletrônico
Nota: 4.0
Produção: Bruno Giorgi, Rodrigo Lemos, Vinicius Braganholo, Cairê Rego, Felipe Pacheco, Gabriel Vaz e Bruno Tavares

“Folk Futurista”. É dessa forma que o trio curitibano Tuyo define sua música e apresenta essa mistura única entre algo familiar (ou mais antigo, como dito em recente entrevista) com algo bastante atual. Musicalmente, isso se dá no encontro de duas partes: seguir a tradição Folk da oralidade, de contar histórias pessoais através de música, enquanto a parte futurista vem da própria construção das canções, que combinam timbres e beats eletrônicos ao usual violão típico do primeiro estilo.

Diferente do que se vê em outros representantes desse Folk mais avant garde, como Marika Hackman e Oliver Wilde, a proposta do trio tem sua experimentação vinda não só na estética, mas também nas letras, que bebem de fontes latinas e criam uma bela poesia com jogos de palavras. Pra Doer, EP de estreia da banda, é uma síntese disso tudo e mostra o belo encontro entre as vozes das irmãs Lay e Lio Soares e das batidas “tão orgânicas quanto eletrônicas” criadas por Machado.

Ainda que essa seja a primeira obra do grupo, parte dessas quatro músicas que formam o registro já haviam sido reveladas anteriormente em versões ao vivo. Aqui, elas ganham uma roupagem bastante diferente, sob a produção de Lemoskine (em Amadurece e Apodrece) e de membros do grupo carioca Baleia (nas demais), que conseguem propiciar um bom encontro entre o Folk e as batidas eletrônicas dentro das composições. Esse híbrido cria uma sensação de leveza e um poético embate dialético com as letras que tratam de temas mais pesados.

Juntamente ao vocal das irmãs, suas letras são também uns dos destaques da obra. Ainda que simples, e muitas vezes direto ao ponto, essa poesia, que abraça a dor e a angústia, criada por elas é capaz de cativar o ouvinte. Coloque sob isso melodias fáceis e altamente cantaroláveis e, pronto, essas músicas não vão desgrudar da sua cabeça por horas. O mesmo pode acontecer com as letras, que parecem ser desvendadas aos poucos, revelando a cada nova audição um pouco mais de seu significado.

Esse tal Folk Futurista do trio busca basicamente “acessar o desconhecido sem se perder”, algo que Tuyo alcança com louvor em seu primeiro registro. E, por falar em louvor, há algo aqui de metafísico, de transcendental. Só não sei se isso é da parte Folk ou da parte Futurista.

(Pra Doer em uma faixa: Amadurece e Apodrece)

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts