Resenhas

King Gizzard And The Lizard Wizard – Polygondwanaland

Banda lança álbum de Rock Progressivo que explora a polirritmia

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Ano: 2017
Selo: Independente
# Faixas: 10
Estilos: Rock Progressivo, Rock Psicodélico
Duração: 43
Nota: 3.5
Produção: Stu Mackenzie

Já não dá mais para começar a falar de King Gizzard and The Lizard Wizard sem uma expressão do tipo “o septeto de malucos australianos ataca novamente”, “o projeto hiperativo de nerds da música lança mais um trabalho na temporada” ou coisa que o valha. Polygondwanaland é o – pasme – quarto álbum completo, de um total de cinco, que o grupo pretende lançar em 2017.

E embora Polygondwanaland tenha bastante a ver com alguns exemplos antecessores do grupo – o título maluco e a vibe emprestada do Rock Progressivo principalmente -, a banda segue sua tradição da ruptura e traz novidades experimentais. A jogada da vez é trabalhar exaustivamente a polirritmia, ou seja, ritmos criados a partir da sobreposição de andamentos distintos. Por isso, conforme as faixas avançam e possível perceber diversas camadas de arpeggiators que criam um universo de ficção científica, riffs de guitarra que conversam descompassadamente, e até mesmo melodias vocais que funcionam uma no contratempo da próxima. Tudo funciona e soa muito bem encaixadinho, numa obsessão que vai agradar até os mais vidrados nas firulas técnicas.

Para além disso o grupo também propõe uma nova forma distribuição: é possível baixar a master do álbum gratuitamente através do site oficial da banda e prensar, você mesmo, a sua cópia. É uma sacada interessante que revolve a ideia de faça você mesmo: o público está incentivado a fazer sua cópia, a dos amigos e, quem sabe, até mesmo a fundar o próprio selo e vender o álbum com algum lucro acrescido. É uma ideia diferente, espontânea e que tem tudo a ver com o modo da banda pensar a música.

Polygondwanaland vem, sonoramente, na linha da Psicodelia ou,como dissemos, do Rock Progressivo dos anos 70, vertente que o grupo já havia explorado em álbuns como I’m In Your Mind Fuzz, Nonagon Infinity e Murder Of The Universe. Pensemos em Yes, Emerson Lake & Palmer ou até mesmo naquele Black Sabbath “de raiz”. As coisas funcionam bem, embora haja no álbum um aspecto de déjà vu, se comparado aos seus anteriores (o que, por outro lado, é perfeitamente compreensível dado o volume de material que a banda produz). A pegada por aqui, no entanto, é mais suave e brilha mais na intersecção de timbres reverberados do que no ataque de riffs macarrônicos cheios de overdrive. Se você é fã do grupo, pode experimentar sem medo. Se ainda não conhece o trabalho da banda, vale atentar para Nonagon infinity, Flying Microtonal Banana ou Paper Mâché Dream Balloon para conhecer as distintas possibilidades que a banda oferece.

(Polygondwanaland em uma música: Horology)

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Autor:

é músico e escreve sobre arte